Economia Titulo Material reciclável
Projeto prevê unidade para capacitar catadores

Estudo mostra que centro de referência para gestão de resíduos auxiliaria população de Sto.André

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
04/07/2019 | 09:18
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Celso Luiz/DGABC


A construção de um centro de referência em gestão de resíduos, em Santo André, pode auxiliar na capacitação de catadores de materiais recicláveis que trabalham nas cooperativas da cidade. Além disso, o local teria foco na educação ambiental para alunos da rede municipal e da sociedade em geral, e também funcionaria como um espaço de residência de cursos universitários.

A proposta é fruto de um projeto de extensão universitária de alunos dos cursos de arquitetura e urbanismo e de pós-graduação em arquitetura, cidade e sustentabilidade da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). Nota técnica foi publicada na oitava carta de conjuntura do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS), divulgada ontem.

A unidade teria espaço para cursos de graduação, funcionando como uma extensão da universidade, e também com espaços destinados para a educação ambiental da população, que teria acesso ao processo do recolhimento dos resíduos e o trabalho das cooperativas, que atualmente somam 500 profissionais na região. A ideia é que o prédio também sedie o departamento de resíduos sólidos do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André).

A ideia é que ele seja erguido em uma área entre o aterro da cidade e o Parque Guaraciaba. “Seria espécie de um corredor verde (espaço linear aberto com funções ecológicas e sociais) entre Santo André e Mauá”, explicou o professor de pós-graduação em arquitetura, cidade e sustentabilidade do Centro Universitário Belas Artes, Robson da Silva Moreno, um dos autores da nota.

Segundo o professor de arquitetura e urbanismo da USCS Luis Felipe Xavier, além da formação, o espaço traria impactos na economia local. “Aconteceria a reativação do parque e de todas as atividades que envolvem a sua manutenção. Além disso, fomentaria série de empregos indiretos, porque a medida em que se fortalece o trabalho dos catadores, se abre espaço para outras cooperativas. Com essa intensificação dos empregos ligados à geração dos resíduos, poderia ser viabilizada uma escola de formação para essas questões.”

Segundo Xavier, a entrada de novas cooperativas – atualmente a Prefeitura tem parceria com duas, a CoopCicla e a Cidade Limpa. com cerca de 150 cooperados com ganho médio de R$ 1.100 por mês – aconteceria como efeito indireto após a sensibilização da população no entorno, que é uma área carente. “Todos aqueles que não têm renda, fazendo este trabalho de formação podem montar outras cooperativas de trabalho em seus próprios bairros. Além de melhorar a renda, isso contribui para uma cidade mais sustentável”, disse.

Segundo ele, o objetivo é estruturar melhor o projeto para que ele ainda seja apresentado à administração pública. Santo André (que tem coleta de resíduos que chegam a 228,2 mil toneladas por ano) é o único município da região que possui CTR (Central de Tratamento de Resíduo), criada em 1982. Nas outras seis cidades, o lixo é encaminhado para o aterro particular Lara, localizado em Mauá.

De acordo com a Prefeitura, as duas cooperativas da cidade, que trabalham na CTR, também recebem o pagamento de um bônus de R$ 45,12 para cada tonelada de resíduo reciclável que deixa de ser aterrado. Para isso, elas têm metas a serem cumpridas em volume de reciclagem, de 200 toneladas por mês de resíduos por cooperativa, e percentual de rejeitos, que não deve ser superior a 35% do volume triado.

DEMAIS CIDADES - Ribeirão Pires possui contrato vigente com a Cooperpires (Coooperativa de Trabalho dos Catadores de Materiais Recicláveis de Ribeirão Pires), com a cessão de um galpão com 250m² para realização dos trabalhos dos cooperados pela Prefeitura. Por meio de parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, a cooperativa conta com dois caminhões baú para a realização da coleta seletiva no município.

Em São Caetano, são 27 catadores em espaço cedido pela Prefeitura que recebem 160 toneladas por mês e fazem a triagem de 100 (o restante é repassado a outras entidades). Em São Bernardo, as cooperativas do município (Cooperluz e Reluz) possuem, juntas, 101 cooperados.

Em Mauá, o contrato com a Prefeitura, para que as cooperativas recebam maior volume de material para reciclar, está em vias de ser assinado. Hoje, na cidade, os materiais são destinados à Coopercata (Cooperativa de Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclável de Mauá),

Em Diadema, a Prefeitura informou que o município está adaptado à Lei Nacional de Resíduos Sólidos e, desde 2014, possui o termo de cessão de uso do espaço para cooperativa Cooperlimpa. 




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