Política Titulo Ponto de vista
Ex-gestores do Semasa divergem sobre concessão

Ajan Marques e Ney Vaz discutem projeto do Paço em programa ‘Memória na TV’, do Diário

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
21/06/2019 | 07:31
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Montagem/DGABC


Ex-superintendentes do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Ajan Marques, atual secretário de Desenvolvimento Econômico, e Sebastião Ney Vaz Júnior – dirigente na gestão Carlos Grana (PT) – divergiram sobre o avanço das negociações de concessão da autarquia andreense à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), pelo prazo de 40 anos, prorrogável pelo mesmo período. Eles colocaram o caso em debate no programa Memória na TV, apresentado por Ademir Medici, que irá ao ar na quinta-feira no DGABCTV.

De linhas ideológicas diferentes, Ajan e Ney, ambos engenheiros, evitaram entrar em conflito ao tratar do acordo – ajuste tende a ser efetivado em agosto. Titular do governo Paulo Serra (PSDB), Ajan, que dirigiu o Semasa no início da administração tucana e também durante o último mandato de Newton Brandão (1993-1996, então no PTB, morto em 2010), defendeu que a autarquia é “maior do que os serviços de água e esgoto” – ambos serão cedidos com a consolidação das tratativas. “Tem outras atividades importantes, memória.” O órgão irá manter varrição, gestão ambiental e resíduos sólidos sob sua alçada.

O projeto de concessão tem como principal alegação sanar a dívida de R$ 3,4 bilhões com a Sabesp – cerca de R$ 500 milhões já se tornaram precatórios. O passivo refere-se à diferença do preço cobrado na tarifa pelo metro cúbico de água no atacado em relação ao valor efetivamente pago à empresa estadual. Questionado como se sentiria o ex-prefeito Antonio Pezzolo – ex-professor de Ajan no antigo Duque de Caxias e que governou Santo André entre 1973 e 1977 – diante das negociações, o ex-superintendente avaliou que Pezzolo, considerado conservador e criador do Semasa no fim de 1969, “teria tomado atitudes bastante eficientes antes de chegar a essa situação”. “Criaram-se condições financeiras que resultaram em problemas junto à Sabesp.”

O questionamento da tarifa foi ponto convergente da conversa. Superintendente de 2013 a 2016 e servidor nos governos de Celso Daniel (PT, morto em 2002) – entrou em 1998, a convite de Mauricio Mindrizs, então dirigente –, Ney considerou que “teriam outras soluções” para equalizar o problema. “(Teríamos) Entrado em outros cenários. Questões que passaram, todos tinham o Semasa em primeiro plano. Quando pensado em juntar os serviços, (era) dar mais dinamismo, melhorar condições de saneamento, foi tudo planejado. A questão financeira atrapalha, mas obviamente não foi desenhado nada para isso lá na frente acabar. O município sobrevive sem essa estrutura, que, infelizmente, é fundamental.” Na gestão Grana, foram dados passos para terceirizar os serviços de água e esgoto via PPP (Parceria Público-Privada) com a Odebrecht Ambiental.

Indagado como o triprefeito Celso Daniel, também engenheiro, consideraria a atual conjuntura do Semasa, Ney afirmou que pensa que o petista “estaria brigando para manter” todo o escopo da autarquia. “Como municipalista que era, (acho que) tentaria saída para manter o Semasa do jeito que é.”
 




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