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O mais excêntrico dos cantores

Considerado o roqueiro mais antigo do Brasil, cantor Serguei morre aos 85 anos

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
08/06/2019 | 07:04
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Divulgação


Jeito descontraído e pacífico, com visual extravagante, colorido, roupas rasgadas e som fincado nos anos 1960. Querido por todos e excêntrico roqueiro brasileiro, Serguei descansou na manhã de ontem, aos 85 anos.

Ele sofria de Alzheimer e estava no Hospital Zilda Arns, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. Antes disso ele precisou ficar internado na cidade onde vivia, Saquarema, litoral do Rio de Janeiro, no início de maio, por causa de desidratação, pneumonia e infecção urinária. Até o fechamento desta edição não havia informações sobre o sepultamento.

Batizado Sérgio Augusto Bustamante, ganhou o apelido Serguei de um amigo russo, que não conseguia pronunciar seu nome corretamente. Considerado o roqueiro mais antigo do Brasil e conhecido como ‘Divino do Rock’, o artista passou partes da adolescência nos Estados Unidos, em Nova York, com a avó paterna. Em 1969 esteve no lendário festival de Woodstock, em que tocaram nomes como The Who e a cantora Janis Joplin (1943-1970).

É dela, aliás, que ele contava histórias e com quem afirmava ter tido um romance, fato pelo qual se vangloriava. Em uma visita da artista ao Brasil, em 1970, ele se incumbiu de recebê-la no Rio de Janeiro. Na mesma década se mudou para Saquarema, onde fundou, em sua casa, o Templo do Rock, local em que exibia peças de roupas, discos, prêmios, livros e cartazes sobre sua trajetória.

Serguei participou de diversas edições do Rock In Rio. A primeira delas, em 1991. Voltou em 2001, 2011 e 2013. Até pouco tempo ele trabalhava com a banda Pandemonium. Serguei dizia que rock era muito mais que um gênero musical. “É atitude e estilo de vida.” Tanto que transcendeu essa linguagem musical e foi sambar no Carnaval do Rio de Janeiro. Em 2013 desfilou pela Mocidade Independente de Padre Miguel. <EM>

Artista de Santo André e contrabaixista da banda Skizorama, Crica Campos, 28 anos, era fã de Serguei e teve a oportunidade de conhecê-lo em 2013, no Sesc Consolação. Segundo Crica, a expectativa era a de que ele fosse um “rebelde desvairado 24 horas por dia. Mas ele era um amor de pessoa. Foi simpático e não demorou muito para que eu sentasse ao lado dele para falar sobre os cachorros que ele criava na sua casa, sobre a manutenção e confecção do seu cabelo, que contava com a contribuição da mexa dos cabelos de uma vizinha quando ela cortava”, conta.

Marcio Baraldi, quadrinista de Santo André, era próximo de Serguei e registrou dois documentários a respeito do artista: Serguei: o Anjo Maldito do Rock Brasileiro e Na Cama com Serguei. No total fez nove DVDs, revista e livro do cantor. “Ele foi um roqueiro original. Era um artista de palco. Não usava máscaras. Ele era o que você via. Dizem que ele não fez sucesso. Mas até os 85 anos ele cantou no palco. Quem aguenta isso? Ele não ganhou grana. Mas isso é sucesso”, encerra.  




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