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Taron Egerton interpreta Elton John em filme

Biografia musical de Elton John é espetáculo sensorial e emocionante para fãs e público geral

Por Richard Margoni Molina
Especial para o Diário
04/06/2019 | 07:00
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Divulgação


Com toda sua pompa e extravagância, Elton John atravessa um portal para a glória... da realibilitação. É assim que se inicia Rocketman, espetáculo visual, íntimo e emocionante sobre a figura magnética e fascinante de um dos maiores músicos de todos os tempos. O filme está em cartaz nos cinemas do Grande ABC.

O cantor e compositor britânico dispensa grandes apresentações. Mesmo assim, são poucos os que podem dizer que o conhecem de verdade. Certamente seu grande amigo e maior parceiro de composições, Bernie Taupin, é um desses. O ator Taron Egerton, que brilhantemente interpreta o astro na obra – mistura de biografia com musical –, também entrou para a lista. Ele conheceu Elton em meio às filmagens de Kingsman: O Círculo Dourado (2017), em pequena ponta do popstar. Escolhido a dedo para o papel, não importando que seja heterossexual, enquanto o cantor é conhecidamente gay, Egerton entrega a maior performance da sua carreira até então, dançando, cantando e dando vazão a todos os traumas e conflitos internos que o biografado viveu.

O recorte do filme foca no início despretensioso do menino-prodígio, a amizade e parceria com Taupin, o relacionamento tóxico com John Reid e o auge do seu vício em drogas. Rocketman, inclusive, não suaviza a abordagem quando tem que falar do uso contínuo de álcool e cocaína nos anos 1970 e 1980, que levou o artista a jornada de autodegradação que quase tirou sua vida várias vezes. O músico participou da produção do longa e fez questão que essas partes menos gloriosas de sua vida fossem mostradas. Em artigo recente, ele escreveu que não viveu “uma vida para todas as audiências” (a produção tem classificação indicativa 16 anos). Por duas horas, o Diário acompanhou Elton John tratando seus ‘demônios’, se despindo (literalmente!), se perdendo e se encontrando novamente. Tudo em cenas repletas de simbolismos, alegorias e exposição de sentimentos ininterrupta.

Essa vazão de sensações só poderia ser expressada com clareza, de fato, por meio das músicas. E é assim que o filme abandona a estrutura de drama convencional e se torna um musical, com os personagens cantando sucessos como Your Song, Tiny Dancer, Crocodile Rock e a canção que dá título à produção, entre muitas outras. As montagens extravasam a realidade e mergulham em como Elton enxergou certos momentos, buscando com que o público também sinta essas emoções com ele.

Jamie Bell é cativante como Bernie Taupin e Richard Madden entrega um John Reid odioso, assumido no papel de vilão. Até Bryce Dallas Howard sai de sua atuação convencional e interpreta a mãe do protagonista como uma personagem dúbia, mesmo que enxergada apenas pelos olhos do filho. Todos arrebentam nas performances musicais e aqui vale menção mais que especial para os atores mirins que interpretam Elton mais novo, Kit Connor e o fofíssimo Matthew Illesley (voz cantada de Sebastian Rich). Detalhe para o trabalho esplendoroso nos chamativos figurinos de Julian Day para construir o personagem.

A ‘sessão de terapia’ apresentada pelo diretor Dexter Fletcher e pelo roteirista Lee Hall é uma celebração da vida de Elton John sem passar pano para as falhas morais do astro. O que fica, no entanto, é a sua capacidade de ter superado todas essas fases ruins e como o seu final feliz, mesmo vindo depois do filme, dependeu de todos esses desafios. Às vezes é preciso coragem para abraçar a si mesmo.




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