Política Titulo Entrevista da semana
‘Queremos ampliar chance de cura do câncer de mama’, afirma Denise Auricchio

Entusiasta do trabalho desempenhado pelo Fundo Social de Solidariedade, a presidente do órgão e primeira-dama de São Caetano

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
03/06/2019 | 08:35
Compartilhar notícia
Denis Maciel/DGABC


Entusiasta do trabalho desempenhado pelo Fundo Social de Solidariedade, a presidente do órgão e primeira-dama de São Caetano, Denise Auricchio, programa para este ano a expansão das atividades voltadas aos moradores da cidade. A primeira delas é a retomada do programa Elas Por Elas, cujo objetivo é levar informações a respeito do câncer de mama e, com isso, ampliar as chances de cura da doença – o lançamento será na quarta-feira. Outra ação planejada é a criação de banco de alimentos até agosto, serviço que ampliará a distribuição de produtos. “A ideia é que a gente aproveite esse desperdício que acontece em supermercados e atenda quem precisa”, diz.

Na quarta-feira, o Fundo Social de Solidariedade vai retomar o programa Elas Por Elas – projeto vigorou entre 2007 e 2010 –, voltado à orientação das mulheres sobre o câncer de mama. Como vai funcionar?


No dia 5 vai ser o lançamento do projeto. Vamos convidar entidades e associações para conhecer o projeto e envolvê-los, para depois a gente marcar as palestras. A gente vai deixar praticamente no mesmo formato, que é bem bacana, intimista. A gente faz reuniões em salões de igreja, associações de bairro, bate-papo na casa de alguns moradores. Primeiro eu faço uma palestra que ensina e fala dos benefícios do autoexame e, depois, as participantes tiram dúvidas com a mastologista. A gente leva quatro assistentes e elas ficam com uma mama de silicone, chamada mama amiga. Esse que é o segredo do projeto, porque ali mesmo a gente consegue dar orientação e a pessoa já sai com o exame marcado. Todo o tratamento é feito em São Caetano, só a radioterapia que é fora da cidade.

Como surgiu a ideia de retomar a ação?


Eu sempre encontro pessoas, senhoras que me falam que participaram das palestras e, por causa das palestras, foram fazer o exame e detectaram o problema. Aconteceu isso há duas semanas. O projeto já estava desenhado, eu estava num chá num centro da terceira idade do bairro Prosperidade em comemoração ao Dia das Mães e a dona Terezinha, uma senhora, comentou novamente. E aí falei que a gente tinha de retomar. Se você pega um caso já justifica. É uma vida, uma chance que ela tem de começar o tratamento. Às vezes, a mulher acaba ficando presa em casa por diversas atividades, ela tem tantas preocupações, principalmente quando é mãe ou avó. Ela cuida da família, mas, às vezes, deixa passar um nódulo que ela possa ter sentido e não vai ao médico. Perde a oportunidade de se tratar logo no início, onde a gente tem chance de cura de quase 95%. A gente não pode perder esse momento.

Qual será a periodicidade das reuniões? Existe um cronograma de atividades?


A gente vai tentar marcar uma vez por semana. A ideia é percorrer toda a cidade, que seja um programa permanente. Porque, por mais que a cidade hoje tenha uma estrutura muito boa no atendimento às mulheres, mesmo assim a gente ainda escuta ‘sou velha e não preciso fazer exame’. Então, tem muitas coisas que têm de ser esclarecidas. A mulher tem de se cuidar e a gente tem que estar atento a isso. A gente vai marcar à tarde ou no começo da noite, eventualmente, porque algumas pessoas trabalham e a gente também quer atingir esse público.

Em média, quantas pessoas participam?


Naquela época, a gente reunia de 30 a 50 mulheres. Não pode ser um número muito grande, porque acaba inibindo. A gente leva estrutura, microfone. Às vezes, a mulher tem vergonha, então não pode ser muita gente. Quando for reunião em casa, até 15 pessoas. Nunca fizemos para muita gente, porque realmente não funciona.

Então, um mesmo bairro poderá receber mais de um evento?


Podemos fazer até mais de uma reunião no mesmo bairro. De repente, faz uma reunião com a associação daquele bairro e, depois, a gente faz numa igreja católica, numa igreja evangélica, entidades e também na casa das pessoas. Conforme a gente vai fazendo, a ideia vai sendo divulgada e as pessoas vão se interessando em participar. A gente gosta de levar um cafezinho, um bolo. Depois que termina, a gente faz um bate-papo. Às vezes, as pessoas têm dúvida sobre algum serviço da Prefeitura e esse contato é interessante. Aproximar as pessoas do poder público. Elas têm liberdade com a primeira-dama, sou uma pessoa simples.

As reuniões são exclusivas para mulheres?


Os homens também podem participar, porque eles também podem ser atingidos pelo câncer de mama e podem ter filhas e mulheres.

O que se espera com esse projeto?


O índice de novos casos você não consegue diminuir (são esperados, conforme o Instituto Nacional do Câncer, 20 a 30 pacientes com a doença para este ano). O que a gente quer fazer é com que essas mulheres procurem o mais cedo possível o tratamento para que elas possam ter chance maior de cura. Então, de repente, aquela mulher que faria uma mamografia anual ou, de repente, nem faria, ela acaba identificando o problema e a chance de cura se torna maior. Nossa intenção é que essa mulher descubra o câncer de mama precocemente.

Além do programa Elas Por Elas, quais outras novidades podemos esperar do Fundo Social de Solidariedade para este ano?


O Fundo Social tem duas vertentes, uma é a capacitação para geração de renda – a gente tem alguns cursos para melhorar a qualidade de vida das pessoas. E a outra é dar suporte social para as entidades da cidade e famílias que nos procuram. A gente trabalha com doação de cestas básicas, fraldas, leite em pó, enxovais, tudo o que precisam. Em relação aos alimentos, a gente percebeu que poderia trabalhar de uma forma mais organizada. Teve uma empresa de São Caetano que começou a fazer doação de bolachas para nós. Chegou uma carreta, tive de chamar o Tiro de Guerra para nos ajudar, porque a gente não tinha estrutura. Então, achamos melhor montar, de forma organizada, as doações. Falei para o (prefeito José) Auricchio (Júnior – PSDB) que a gente precisava ter um banco de alimentos ligado ao Fundo Social. Porque aí a gente conseguiria fazer parceiros para receber essas doações, organizar tudo e, depois, mapearíamos as entidades para repassar essas doações. Mas para isso a gente precisa de uma estrutura, um espaço próprio, funcionários. Estamos desenhando esse projeto, formatando a lei. A ideia é que a gente aproveite todo esse desperdício que acontece em supermercados e atenda quem precisa.

Qual a expectativa para a inauguração?


A previsão é fim de julho e começo de agosto. Só está faltando bater o martelo do espaço.

Quantas pessoas, em média são atendidas hoje. A previsão é ampliar?


Hoje em dia o Fundo Social atende 50 entidades, entre igrejas e assistenciais. A gente quer tentar ampliar. Porque tem entidades que, às vezes, não têm cadastros específicos da assistência social porque falta alguma documentação e a gente quer que, com o banco de alimentos, apenas com o CNPJ e uma visita de técnicos do Fundo Social para avaliar o trabalho a gente poderia atender. Acredito que pelo menos umas 80 entidades vamos conseguir atender.

Quantos cursos de capacitação o Fundo Social oferece hoje? Qual o tempo de duração?


Temos 34 cursos divididos em áreas – construção civil, estética, gastronomia e artesanato e corte e costura. A gente procura atender com uma variedade de opções. Dentro da gastronomia, a gente tem curso de bartender, barista, garçom. A gente sempre tenta pegar o perfil do que o mercado de trabalho está precisando. Todo material é doado pelo Fundo Social, os alunos recebem diploma. A gente percebe que eles têm oportunidade de, após a qualificação, se inserir no mercado de trabalho. A gente orienta também que os alunos complementem a formação com outros cursos na mesma área. Em média, duram de três a nove meses.

Há projeto de ampliar?


Hoje temos um projeto que é o Fundo Social que vai até você. A gente leva os cursos para entidades assistenciais, patrulheiros mirins, Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), inclusão. Pacientes dos Caps (Centro de Atenção Psicossocial), centros da terceira idade. Isso porque não temos mais espaço físico. Só lá no Fundo Social temos 400 alunos, manhã e tarde. Em média, se formam 1.000 pessoas por ano, contando as atividades dentro e fora da sede. Muitos alunos que fazem o curso viram microempreendedor. Já na terceira idade, a gente percebe que é um lazer, uma ocupação. E, às vezes, vão com essa intenção e o trabalho fica tão bonito que, eventualmente, começa a incentivar uma atividade econômica. Ela acaba gostando de ter renda, aumenta a autoestima.

Como você avalia o trabalho do Fundo Social?


É incrível o que a gente consegue com o trabalho que a gente realiza. Muitas pessoas, às vezes, estão num momento de dificuldade, sozinhas, com necessidade econômica, e nos procuram com esperança de, após o aprendizado, fazer sua própria renda. E, depois, ela começa a conviver com pessoas com o mesmo problema, percebe que outras pessoas têm problemas e também passam por dificuldades. Às vezes, é o único momento da mulher longe da família, só dela. Fora que fazem amizades, algo raro nessa fase da vida. O Fundo Social é um lugar muito abençoado. Os alunos se descobrem, têm a autoestima elevada. No dia da formatura, eles colocam a melhor roupa, levam a família. É um trabalho que eu amo. Quando o Auricchio ganhou a Prefeitura eu recebi o maior presente da minha vida, que foi trabalhar com o Fundo Social. Eu tinha tanto receio quando ele foi eleito, porque deixei meu consultório odontológico. Depois, já não consegui mais voltar para o consultório, porque a gente se envolve muito com projetos, pessoas.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;