Política Titulo Mauá
Atila quitou próprio salário bloqueado por Alaíde Damo

Ao assumir interinamente Paço de Mauá, emedebista brecou pagamento a socialista, que voltou e cobrou quase R$ 50 mil

Junior Carvalho
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
26/05/2019 | 09:19
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Claudinei Plaza/DGABC


Atualmente cassado do cargo de prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB) autorizou, no ano passado, o pagamento de quase R$ 50 mil a si próprio referente a salários acumulados que foram bloqueados pela prefeita Alaíde Damo (MDB) durante o período em que esteve preso e afastado do Paço mauaense pela primeira vez.

O Diário teve acesso a documento interno da gestão Atila, datado de 18 de setembro de 2018, em que o então secretário Marcos Maluf (Administração e Modernização) solicitou à Secretaria de Finanças que fossem quitados os salários de Atila referentes aos quatro meses em que o socialista ficou fora da cadeira. O pedido também é assinado por Marcos Leal de Araújo, funcionário comissionado do governo e que atua no núcleo de folha de pagamento da Prefeitura.

Atila foi preso em maio do ano passado, no âmbito da Operação Prato Feito – investigou esquema de desvios em contratos da merenda escolar – e, durante esse período, o Paço foi comandado interinamente por Alaíde, então vice-prefeita.

Ao retornar ao cargo, em setembro, Atila reverteu a suspensão dos pagamentos dos próprios salários e pediu que os subsídios atrasados fossem quitados de uma só vez, o que totalizou o montante líquido de R$ 47,6 mil. Como prefeito de Mauá, Atila recebia R$ 18.576,09 brutos por mês.

Apesar de o então prefeito ter sido preso preventivamente, a Justiça não determinou a suspensão do pagamento do salário do socialista. Quando deixou a cadeia, em meados de junho do ano passado, o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) chegou a impor série de restrições ao socialista, entre elas retornar ao cargo para o qual foi eleito em 2016. A decisão, porém, foi revertida meses depois por força de liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

A própria Procuradoria do município teria reconhecido a legitimidade da manutenção dos pagamentos a Atila, mas a decisão política do governo Alaíde prevaleceu. Naquela altura, os dois grupos já haviam rachado e, além de parar de pagar os salários de Atila, a emedebista também demitiu os secretários indicados pelo ex-companheiro de chapa e deu sua própria cara ao governo.

HISTÓRICO

Ao deflagrar a Operação Prato Feito, no ano passado, a PF (Polícia Federal) encontrou R$ 87 mil em dinheiro vivo na casa do socialista, que alegou que os recursos têm origem lícita e que eram oriundos de sobra de seus salários, somados a aluguéis e à pensão de morte de sua ex-mulher.

Atila foi preso novamente em dezembro, no âmbito da Trato Feito, mas solto em fevereiro. O socialista foi cassado no dia 18 do mês passado. O ex-prefeito não quis comentar o caso.




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