Economia Titulo Fomento
Estado de S.Paulo cria 11 polos de desenvolvimento; região integra oito

Setores automotivo e químico, por exemplo, serão mapeados para detectar necessidades

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
24/05/2019 | 07:02
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Denis Maciel/DGABC


O governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ontem a criação de 11 polos de desenvolvimento econômico que contarão com pacotes de benefícios setoriais para estimular a indústria paulista. Desses, oito segmentos incluem o Grande ABC: automotivo; metal-metalúrgico, máquinas e equipamentos; químico, borracha e plástico; derivados do petróleo e petroquímico; biocombustíveis; saúde e farmacêutico; alimentos e bebidas; têxtil, vestuário e acessórios.

A ideia é mapear os principais segmentos industriais paulistas, identificar as demandas de cada um deles e os entraves que seguram o crescimento para estimulá-los a partir de seis pilares: qualificação de mão de obra com cursos customizados conforme a demanda; acesso a financiamento competitivo, com maior alcance a recursos do Investe-SP e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social); desburocratização do ambiente de negócios, ao reduzir o tempo de abertura de empresas e concessão de licenças ambientais; simplificação tributária e unificação de impostos entre empresas complementares da mesma cadeia; melhoria de infraestrutura a partir da desestatização e privatização de rodovias, ferrovias, hidrovias e do Porto de Santos; e investimento em pesquisa, ciência e tecnologia, principalmente pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).

No caso do Grande ABC, conforme explicou a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, um dos objetivos é identificar as demandas de capacitação de trabalhadores por parte das indústrias automotivas. “Você entrou recentemente em uma linha de produção de montadora? A quantidade de robôs é impressionante. Existe a demanda por um outro perfil de profissional, que entenda de tecnologia, para atuar no chão de fábrica. Por exemplo, há técnicos de manutenção que ganham até R$ 11 mil por mês. E nós vamos identificar essas necessidades e alinhar com a oferta de cursos técnicos com as Fatecs e Etecs, porque, às vezes, o curso oferecido não tem procura e o que é preciso não é disponibilizado”, explicou. “E tudo isso é fundamental para ajudar o setor produtivo, gerar mais emprego e fazer a economia crescer.”

Conforme a secretária, também serão fortalecidas parcerias com o Sebrae para a formação de empreendedores na região. O plano prevê, ainda, ampliar a oferta de microcrédito por meio do Banco do Povo Paulista, disponibilizado pelas prefeituras.

Em dois meses sairá o resultado do mapeamento e das necessidades de cada polo para, então, iniciar o processo de otimização das cadeias produtivas. Além dos oito em que o Grande ABC está contemplado, devido à presença de indústrias do ramo, haverá os de couro e calçados; eco-florestal e tech (agrotech, aeroespacial e serviços tecnológicos).

“A concentração de indústrias por setores gera um cluster (aglomeração, em português), como o Silicon Valley (Vale do Silício, na Califórnia, reduto de tecnologia) e a indústria automotiva em Detroit (ambos nos Estados Unidos). O fenômeno do adensamento é muito produtivo, pois existe uma troca de tecnologia, e mão de obra, com infraestrutura adequada para aquele segmento naquela região”, explanou o secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles.

Para o prefeito de Santo André e presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Paulo Serra (PSDB), “integrar polos de desenvolvimento traz competitividade aos municípios e fomenta a cadeia produtiva, fortalecendo a economia regional”.

GUERRA FISCAL - Segundo Doria, a prioridade é a geração de empregos. “Temos 3,7 milhões de desempregados e 3 milhões de subempregados. Para solucionar o cenário, é preciso incentivar o setor produtivo, e não adotar medidas de assistencialismo e paternalismo. Mais de um terço da economia brasileira funciona em São Paulo. Se nós formos bem, portanto, ajudamos o País”, assinalou.

Ele completou que não há uma guerra fiscal (referindo-se ao IncentivAuto, que oferecerá redução de até 25% do ICMS visando aumentar vendas e arrecadação), pois todo incentivo nesse conjunto de valores é para apoiar quem já está em São Paulo com o que o Estado tem de melhor.


Doria volta a dizer que anuncia solução para Ford em 15 dias

O governador João Doria voltou a afirmar que o resultado acerca da negociação para a compra da planta da Ford em São Bernardo e a manutenção dos 2.800 postos de trabalho diretos será anunciado em 15 dias. “Tudo indica para o não fechamento da fábrica”, disse. Ele destacou o papel do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para desfecho positivo, após cinco semanas de diálogos constantes, para construir acordo a quatro mãos, apesar de a entidade ter abrigado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia de sua prisão. “É preciso deixar de lado partidarismos e ideologias para focar na geração de empregos.”

O governador também exaltou a negociação que contou com a intermediação do governo para a permanência da GM no Estado, com aporte de R$ 10 bilhões nas plantas de São Caetano e São José dos Campos (Interior) entre 2020 e 2024 e a geração de 1.200 postos de trabalho no período.

Citou, ainda, anúncio que a Scania fez na terça-feira acerca de investimento de R$ 1,4 bilhão no mesmo intervalo em São Bernardo, com, segundo ele, a geração de 400 empregos – informação não confirmada pela montadora, mas necessária para a adesão ao IncentivAuto, o que ainda não foi feito e cujas regras serão divulgadas em 15 dias. O programa reduz o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) de 2,5% a até 25% para aportes de R$ 1 bilhão a R$ 10 bilhões e geração mínima de 400 vagas.




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