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Abandono e descaso ‘matam’ tradicional Parque da Juventude

Celeiro de skatistas renomados, Città di Marostica, em São Bernardo, tem equipamentos fechados e deteriorados por falta de manutenção

Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
23/05/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Tapumes, buracos, água parada, cadeado, corrente, fita de isolamento, banheiros quebrados e vandalizados, estrutura que deveria servir como cobertura jogada de lado toda retorcida. Este é o cenário no Parque da Juventude Città di Marostica, ao lado do Paço de São Bernardo. O local, que deveria servir para prática e incentivo ao skate, esporte que passará a integrar o programa olímpico a partir de Tóquio-2020, é, na verdade, sinônimo de abandono e descaso.

De acordo com informações da Prefeitura, o parque é o maior da América Latina voltado aos esportes radicais, com mais de 21 mil m². Ali estão opções para skate, longboard, bike, patins, escalada, corrida e caminhada. Entretanto, quase tudo sofre com a falta de cuidado, sobretudo o street park, referência no País e berço de diversos atletas, o que causa tristeza em quem ali aprendeu ou cresceu a praticar o skate.

“Além de ser uma das melhores (pistas) para andar, reunia muita juventude. Era lugar seguro, pessoas iam para se encontrar. Mas desde que sofreu esse sucateamento... estive recentemente e está parecendo um cemitério fantasma. O complexo, como um todo, está acabado, malcuidado, e era lugar cheio de vida, de molecada. Fico muito triste. Tenho história ali”, lamenta Karen Jonz, 33 anos, tetracampeã mundial, primeira skatista medalhista dos X Games e que morou em Santo André durante a infância e a juventude. Ela diz que, entre 2010 e 2011, comprou uma lona para manutenção do half (pista em formato de ‘U’), mas não houve colaboração do poder público. “Morro de medo de o skate pegar num parafuso do half e eu me machucar”, admite.

“Comecei naquela pista. Foi muito importante para a minha infância, direcionando ao caminho do esporte. Sempre treinando neste espaço, que proporcionava os melhores bowls do Brasil, modalidade que está em alta justamente para a Olimpíada”, lembra o pro skater e professor Denis Buiu, 40. “Foi a primeira pista que conheci e pisei. Não tenho ido pelo fato de estar deteriorada, o chão perigoso. Você caía e perdia um pedaço da carne da mão, bem complicado. Em alguns pontos falta luz, tem buraco aumentando. Aí veio a enchente e acabou com a área de street. É triste ver a pista desse jeito. Sempre falei que, para mim, é a Disneylandia do skate”, afirma o profissional Fábio Sleiman, 42.

O passar do tempo e as condições climáticas (sobretudo as enchentes de novembro de 2018 e março de 2019) trouxeram problemas às estruturas, mas a falta de cuidado tornou a situação ainda mais complicada. Em janeiro, o prefeito Orlando Morando (PSDB) anunciou que seria realizada revitalização de todo o complexo e o processo licitatório para a obra sairia até junho. “Estamos preparando uma grande licitação para revitalizar o parque como um todo, trazendo melhorias para atletas do skate, patins e BMX”, disse o gestor público.

Procurada pelo Diário para comentar a situação do Parque da Juventude e a respeito da licitação, a Prefeitura de São Bernardo não retornou até o fechamento desta edição. 

Em 2015, Morando atacou gestão petista e citou precariedade

Não é de hoje que a estrutura do Parque da Juventude Città di Marostica, ao lado do Paço de São Bernardo, sofre com o abandono e a falta de manutenção. Há quatro anos reportagem deste Diário denunciou diversos problemas no local, apontados pelo então deputado estadual e hoje prefeito da cidade, Orlando Morando (PSDB).

“O atual governo do prefeito Luiz Marinho (PT) trata o jovem da cidade sem prioridade. Isso já foi demonstrado quando ele teve atitude de cortar a merenda das crianças e agora, com o Parque da Juventude, que está se deteriorando. Podemos ver diversos equipamentos em condições precárias”, apontou Morando, naquela oportunidade – setembro de 2015.

A parede de escalada segue fechada desde aquela época e as estruturas apresentam garras soltas ou faltantes, além da aparente insegurança e sinais do abandono.

A última ação realizada no parque foi a reabertura da pista mirim, em janeiro deste ano, em valor estimado em R$ 116 mil. A estrutura – que também atende patins e BMX – ganhou pintura e conta com aulas para as crianças de 4 a 12 anos às terças-feiras.




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