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Inflação zero não beneficia fumantes
Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
10/07/2010 | 07:11
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DGABC


A inflação mensurada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi zero em junho, mas conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) os fumantes tiveram surpresa desagradável. O cigarro e as passagens aéreas foram os produtos com maior contribuição positiva no indicador, ou seja, tiveram alta relevante nos preços.

O impacto do aumento dos cigarros no IPCA foi de 0,04 ponto percentual positivo. Isso pode parecer poucos, mas de acordo com o último censo do IBGE, de 2008, são mais de 24 milhões de brasileiros fumantes, ou 17,2% da população do País na época.

O reajuste médio dos maços, tanto da empresa Souza Cruz, quanto da Philips Morris, foi de 6%. Portanto os cigarros mais conhecidos, como o Malboro e Carlton, subiram R$ 0,25 por maço. Segundo os comerciantes, as empresas alegam que o encarecimento é consequência do aperto tributário do governo federal sobre o setor, com o objetivo de reduzir o número de usuários.

"Nós avisamos os fregueses que subiriam os preços", diz o comerciante Nelson Rivas Hernandes, que é proprietário de um bar em Santo André. "Então eles reclamam, mas não diminuem o consumo", completa.

Este é o caso do desempregado Fernando Fornero. 46 anos, Mesmo em busca de trabalho, ou seja, sem fonte de renda, não consegue abandonar o vício, mesmo gastando mais por ele. "Fumo dois maços por dia. No fim das contas, os cerca de R$ 20 pesam no bolso", diz. Ele brinca que largaria o cigarro apenas se a sua marca preferida fosse tirada de circulação.

CHUCHU - O aposentado Lázaro Dias, 83 anos, conhecido como Lazinho, começou a fumar "talinhos de chuchu" quando era criança. "E aos 17 anos comecei com o cigarro", conta. Na época, o fumo era visto como item de glamour. E de lá para cá vem enfrentando todos os reajustes do produto sem reduzir a quantidade de cigarros. "Fumo um maço e meio por dia. Tentei parar, fiquei sem durante três meses, mas quase endoidei", conta.

Lazinho acrescenta que o aumento do preço prejudica, "mas é difícil deixar o vício de lado".

Fumo dá pouco lucro mas puxa receita com outros itens

Quando são calculados os ganhos de um bar, o cigarro é classificado entre os produtos menos rentáveis para os comerciantes. Por outro lado, esses itens têm função primordial nos estabelecimentos. "Se as pessoas entram aqui e encontram o cigarro que desejam, elas param e gastam com mais alguma coisa, totalizando entre R$ 10 e R$ 20. Mas se não encontram, elas não gastam com mais nada e vão para a padaria", conta o comerciante Antônio Carlos Uchôa, que é proprietário de um bar em Santo André.

Dono de outro estabelecimento na cidade, Nelson Rivas Hernandes concorda que os maços não trazem tanto lucro. "Nós ficamos com 9% do valor. Se você considerar o desconto dos tributos, acabamos levando 5% da receita", explica.

Uchôa destaca que, mesmo após os reajustes recentes, as marcas mais procuradas são aquelas com valores mais altos. "Por incrível que pareça, os clientes procuram esses mais caros", brinca.




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