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Três cidades notificam Sabesp por água escura

Moradores de Sto.André, S.Bernardo e Diadema relatam problemas; empresa admite falhas

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
23/04/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Água turva, cuja cor varia de amarelado, passando por marrom, até tons de cinza, acompanhada de odor fétido. É essa a descrição que moradores de três cidades da região têm feito da água que chega às suas torneiras, há várias semanas, tendo se agravado nos últimos dias. Em Santo André, São Bernardo e Diadema, os munícipes têm problemas até para lavar roupas, que ficam manchadas devido às substâncias presentes no líquido. As administrações municipais já notificaram a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), responsável pelo abastecimento em São Bernardo e Diadema e pela venda de água bruta para Santo André.

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou que notificou a empresa e alegou que desde março a água entregue para a distribuição tem chegado com coloração avermelhada, e que tem feito frequentes descargas na rede para evitar que essa água chegue ao usuário. As prefeituras de São Bernardo e Diadema também notificaram a Sabesp sobre as queixas dos munícipes.

Na tarde de ontem, cerca de 40 moradores de Diadema protestaram, em frente ao Poupatempo, no Centro da cidade. A professora Daiane Moreira, moradora do Campanário, afirmou que o problema não é recente, e que de tempos em tempos se agrava. “Quando fui encher a máquina de lavar, na última quinta-feira, a água estava quase preta, além do cheiro ruim”, explicou. Moradora da Vila Nogueira, a dona de casa Gislaine Silva, 34, afirmou que a Sabesp até já recebeu amostras de água, mas que não atestaram nenhuma anormalidade. “Tenho problemas renais e isso só piora a minha situação”, declarou.

Em Santo André, moradores do Jardim do Estádio e da Vila Linda também relataram problemas. “Limpei minha caixa de água em dezembro e agora já está toda suja de novo”, afirmou a condutora escolar Marcia Rezende, 44.

Em nota, a Sabesp afirmou que as fortes chuvas ocorridas em março e abril “provocaram o extravasamento da Represa Rio Grande (onde há a captação de água) para a Represa Billings, o que provocou alteração brusca e substancial na característica da água do manancial utilizado para tratamento. Principalmente a quantidade de ferro, manganês e o nível de cor da água bruta atingiram valores inéditos na história do manancial”.

Ainda de acordo com a nota, a condição da água tem impedido que a Sabesp realize o tratamento adequado para retirada da coloração, “mas a empresa está trabalhando para readequação do processo”. A previsão é a de que a questão seja resolvida nos próximos dias. “A Sabesp pede desculpa pelos transtornos.” A empresa afirmou que não há riscos para a saúde, mas recomendou que a água turva seja descartada até que a situação seja normalizada.

Especialista recomenda que não haja consumo

Professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e especialista em recursos hídricos, Marta Marcondes afirmou que até que seja esclarecido qual é o problema da água que tem sido distribuída em Santo André, São Bernardo e Diadema, o recomendável é que não haja consumo. “Nem banho nem escovar os dentes, nada disso. No máximo, lavar o chão, mas com uso de luvas”, recomendou.

Segundo a especialista, é preciso fazer o caminho inverso, desde a torneira até o local onde a água é captada, para averiguar possíveis contaminações por esgoto ou solo na rede de distribuição, falhas na estação de tratamento ou poluição no manancial. “A empresa responsável pela captação e pela distribuição tem de dar explicações sobre o que está havendo. Afinal de contas, é um serviço pago e ele deve ser prestado de forma satisfatória”, declarou. Marta ressaltou ainda que pode haver prejuízos para a saúde das pessoas. “A companhia tem de dar as respostas”, finalizou. 




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