Em março, montadoras fabricaram 240,5 mil unidades, 10,1% menos que um ano atrás, diz Anfavea
A paralisação da Ford em São Bernardo, que durou 43 dias e se estendeu por todo o mês de março, após o anúncio do fechamento da planta na cidade; o estrago provocado pela enchente nos dias 10 e 11, que suspendeu a operação da Mercedes-Benz, na mesma cidade, por uma semana, após alagar a unidade; e a queda brusca nas exportações devido à demora de reação da economia da Argentina, principal parceiro comercial do setor automotivo, justificam o volume menor de veículos que saíram das montadoras no mês passado.
Em março, a produção de automóveis, comerciais leves (pickups pequenas, vans, furgões e utilitários esportivos), caminhões e ônibus diminuiu 10,1% em relação ao mesmo mês no ano passado, e passou de 267,5 mil para 240,5 mil unidades. No mesmo período, as exportações despencaram 42,2%, de 67,4 mil para 39 mil exemplares. “Durante o mês de março, uma de nossas associadas teve período de greve e outra associada sofreu com enchente, o que atrapalhou a produção, além de um ajuste em função da queda nas exportações”, explicou o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Antonio Megale, referindo-se à Ford e à Mercedes.
Embora a Argentina ainda seja o principal mercado externo brasileiro, sua representatividade, que historicamente era de 70%, hoje gira em torno de 50%. O país vizinho custa a sair da crise econômica e o cenário reduz o poder de compra de seus consumidores por conta do dólar valorizado, da inflação alta e do desemprego crescente. E como parte dos produtos comprados por eles são específicos, já que os carros embarcados para lá são movidos a gasolina e diesel, aqui não há mercado para eles. De acordo com a Anfavea, o único país da América do Sul que tem carros flex, além do Brasil, é o Paraguai.
Em comparação a fevereiro, quando foram produzidas 257 mil unidades, o volume foi 6,4% inferior. E o total das exportações ficou 3,7% menor ante o segundo mês do ano, com 40,5 mil exemplares vendidos a outros países.
No trimestre, as exportações também amargam tombo de 42%, com 104,5 mil veículos. De janeiro a março, a produção recuou 0,6% ante igual período em 2018, com 695,7 mil unidades.
O estoque de veículos nas fabricantes e nas concessionárias, que era de 40 dias em fevereiro, agora está em 41 dias.
LICENCIAMENTO - As vendas, por outro lado, cresceram 11,4% no trimestre, com a comercialização de 607,6 mil veículos, ante os 545,5 mil de janeiro a março de 2018. Somente no mês passado, 209,2 mil unidades foram licenciadas, alta de 5,3% contra as 198,6 mil de fevereiro e de 0,9% frente às 207,4 mil de março do ano anterior.
“Estamos terminando trimestre com expansão de 11,4% no mercado, que é exatamente nossa previsão para 2019”, assinalou Megale. “Nossas projeções estão acontecendo, com alta acima de 10%, o que é importante para que consigamos produzir bastante, gerar emprego e renda para toda a população. O Brasil começa a se recuperar e é fundamental que o governo aprove a reforma da Previdência para que continuemos com crescimento”, completou.
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