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Polícia prende acusado de morte de casal do ABC incendiado
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
29/06/2005 | 16:27
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Após 44 dias de buscas, a polícia prendeu na terça, na cidade Araucária, no Paraná, Mardone Gonçalves de Lima, 27 anos, acusado de incendiar o casal de namorados Rafael Tiago Sartori, técnico em telecomunicações, 22, e Caroline Bonomi, secretária, 23, moradores do Grande ABC. O crime ocorreu em 15 de maio, na Zona Leste de São Paulo, e a polícia de São Paulo anunciou a prisão nesta quarta.

Segundo a polícia e o depoimento prestado por Mardone de Lima, ao qual o Diário teve acesso, o acusado confessou que cometeu o duplo assassinato por vingança contra a família de Sartori, que não o deixava mais ver a filha de 3 anos, fruto de relacionamento com a irmã do técnico em telecomunicações, Keli Fernanda Sartori, 23 anos. Após a separação do casal, Lima havia seqüestrado a filha quatro vezes. No entanto, ele disse que não cometeu o crime bárbaro sozinho, mas em companhia de um amigo chamado Paulinho, que trabalharia como plaqueiro no Centro de São Paulo, além de cometer pequenos roubos. Lima afirmou que quem teve a idéia do crime e colocou fogo nos namorados foi Paulinho. A polícia ainda não encontrou o suposto comparsa.

Em depoimento, Lima falou ainda que esperou os namorados chegarem em casa, no Jardim Salgueiro, em Mauá, e entrou no local simulando estar armado, acompanhado por Paulinho. Pensou que a filha estivesse lá e, quando soube que não estava, obrigou o ex-cunhado a levá-lo ao encontro da criança. Os quatro entraram na Parati de Sartori. Os namorados estavam amordaçados. Segundo o acusado, como faltava gasolina, pararam o carro em um posto e encheram uma garrafa de refrigerante, para abastecer depois. Na avenida do Estado, sentido São Caetano, Mardone Lima e o suposto comparsa viram viaturas policiais e ficaram apavorados. Lima disse que decidiram matar os namorados quando Sartori passou a falar que iria chamar a polícia. Teriam ido até a praça na Zona Leste e então Paulinho ateou fogo nos dois e, depois, na Parati.

Fuga – Após os homicídios, Lima perambulou por diversos lugares, dormindo na casa de conhecidos: Centro de São Paulo, Peruche, na zona Norte da capital, Carapicuíba e, há 15 dias, foi para a casa de um amigo de seu tio em Araucária. Para ganhar algum dinheiro, trabalhava como servente de pedreiro.

Investigadores do 42º DP (Parque São Lucas), Zona Leste de São Paulo, responsáveis pelas investigações, descobriram há dez dias o município em que Mardone Lima estava por meio de rastreamento do celular de Sartori. O aparelho estava em poder do acusado. O passo seguinte seria saber a localização exata de Lima.

Quatro policias de São Paulo foram até Araucária e pediram colaboração para as polícias Civil e Militar da cidade, e também para a Guarda Municipal. Espalharam pelo município mais de 50 fotos do acusado. Terça, às 17h, por meio de uma denúncia anônima, PMs detiveram Lima na residência, apresentando mandado de prisão temporária de 30 dias. Ele não resistiu à prisão.

Às 15h30 desta quarta, Mardone Lima chegou ao 42º DP, em São Paulo. Ele foi indiciado por duplo homicídio, roubo (celulares e carro das vítimas) e dano (por ter queimado o carro de Sartori). Pode pegar até 50 anos de cadeia. No final da noite desta quarta, seria transferido para a carceragem do 77º DP (Santa Cecília, Centro da capital). Dentro de alguns dias, deve ir para um CDP (Centro de Detenção Provisória).

“Assassino, você vai pagar pelo que fez!” e “Você matou meu filho. Ele era a minha vida”, disseram, respectivamente, pai e mãe do técnico de telecomunicações morto quando viram o acusado na delegacia. “Depois de saber que ele foi preso, fui até o túmulo de meu filho (no cemitério Curuçá, em Santo André) e chorei muito. É um alívio, pois Mardone Lima tinha nos ameaçado de morte por telefone. Espero que sua pena seja grande”, disse o pai, o comerciante João Sartori, 52 anos.

“Desde que meu filho morreu, virei um vegetal, não consigo fazer mais nada. É uma dor muito grande. Quero agora que se faça justiça”, disse a mãe, Vera Sartori, 53. Ela e o marido possuem duas lojas de roupas no Jardim Salgueiro, em Mauá. O pai disse que é impossível perdoar Lima. A mãe, por sua vez, afirmou que “só o tempo dirá”.




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