A emissão de passaporte pode demorar até 30 dias úteis exatamente no período em que o número de requerimentos aumenta 75% em decorrência da proximidade das férias escolares. O motivo é a falta de material para a capa do documento, cuja licitação para compra teria sido feita com atraso pela Casa da Moeda. Em geral, a emissão é feita em até três dias na Superintendência da Polícia Federal e em uma semana nos postos descentralizados, como o localizado no Shopping ABC, em Santo André. O problema afeta postos da PF em diversas regiões do país, em especial no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia, além de São Paulo.
A dificuldade na obtenção de passaporte teve início no fim de abril, quando a Casa da Moeda não tinha papel para a confecção das páginas internas do documento. Esse problema teria sido resolvido em meados de maio, quando a entrega passou a ser feita regularmente. Mas, não durou muito. Quem procura os postos desde a semana passada é informado de que agora falta material para a confecção da capa e que o prazo mínimo para retirada é de 15 dias úteis. A licitação para compra de material, que deveria ter sido feita em janeiro, só foi realizada em abril.
A urgência na emissão do documento só está sendo concedida pela Polícia Federal a quem apresenta no momento do requerimento a passagem comprada. Nesses casos, o passaporte é emitido em até três dias. Quem ainda não está de viagem marcada tem de esperar por mais tempo para a retirada do documento, obrigatório para a realização de viagens internacionais.
O maior problema, no entanto, é para quem pretende viajar para países em que há necessidade de visto. Dependendo da região e da atividade que será desenvolvida fora do Brasil, a espera pelo visto é mais demorada. Quem viaja para países como Estados Unidos e Japão tem de obrigatoriamente obter o visto de entrada em qualquer situação. No Consulado dos EUA, em São Paulo, os agendamentos de entrevista para os interessados no visto estão sendo marcadas, em média, com um mês de antecedência. Mas a inscrição não pode ser antecipada, enquanto se espera o passaporte, pois só pode ser feita mediante apresentação do número do documento.
Na maioria dos países da Europa, não é necessário o visto no caso de a viagem ser de turismo e não ultrapassar três meses. Mas quando o interessado vai a trabalho ou para estudar, é imprescindível obter autorização antes de pisar no país.
É o caso da corretora de seguros Paula Renata Pelais, 24 anos, de São Bernardo. Ela pretende permanecer por seis meses na Inglaterra para fazer um curso de idiomas. Paula diz que as aulas terão início em agosto e que tinha programado viajar para a Europa no fim de julho. Nesta terça, ela esteve no posto da Polícia Federal em Santo André e foi informada de que poderá obter o passaporte em 30 dias. “Já paguei pelo curso e tenho receio de perder o dinheiro, pois não é feito reembolso integral caso não consiga o visto de entrada. Já me informei e o visto pode demorar até um mês para ser concedido, mas estou amarrada por causa do passaporte. Só terei o documento antes de um mês se mostrar a passagem.”
A corretora de seguros afirma que ainda não comprou a passagem, o que faria somente no fim deste mês para obter descontos. Caso não comprove a compra da passagem aérea não poderá antecipar a retirada do passaporte. “Vou ter de perder mais tempo e dinheiro do que havia programado”, completa.
Adiar a viagem também não estava nos planos da comerciante Maria Teixeira Batista, 64 anos, de Diadema. Os filhos estão no Canadá e ela pretendia embarcar no dia 10 de junho para a América do Norte a tempo de participar do aniversário do neto. “Aproveitaria o aniversário e ficaria por mais 15 dias. Ainda não tinha comprado a passagem, mas vou tentar fazer isso nesta semana para conseguir o quanto antes o passaporte. Tenho ainda de conseguir o visto de entrada no Canadá”, afirma a comerciante. Caso não consiga passar por todos os trâmites em tempo, terá de adiar a viagem para o fim do ano, o que não estava nos planos.
De acordo com a Polícia Federal, a confecção dos passaportes só deve estar normalizada no fim de julho. Nesta semana, garante o órgão, devem chegar as cadernetas. No entanto, não será imediata a normalização do serviço por conta do acúmulo de pedidos de passaportes dos meses de abril e maio. A Superintendência, na capital, recebe em média 800 requerimentos de confecção de passaportes por dia. Nos meses de maio, junho, novembro e dezembro os pedidos diários sobem para 1,4 mil. A Polícia Federal tanto de São Paulo como de Brasília não informaram quantos documentos são emitidos no país, no Estado e no posto descentralizado em Santo André.
A Polícia Federal pede ainda que as pessoas que não tenham urgência em viajar esperem para retirar o passaporte somente para depois do mês de julho, quando há previsão de queda da demanda. No caso de urgência da viagem, o interessado deve apresentar junto ao requerimento a passagem adquirida. Desta forma, é possível obter o documento em até três dias úteis. Para mais informações, a Polícia Federal pede que os interessados acessem o site www.dpf.gov.br.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.