Ao avalizar Operação Checkout, magistrada relembrou transações da firma de Sto.André a lobista
A juíza Michelle Mickelberg, da 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo, relembrou na decisão que autorizou a PF (Polícia Federal) a ir às ruas na terça-feira para deflagrar a Operação Checkout, pagamentos suspeitos, no total de R$ 37 milhões, que foram feitos pela CVC Tur, fundada em Santo André, ao lobista Átila Reys Silva, preso na terça-feira, sob acusação de cancelamento indevido de autuações da Receita Federal.
Em seu despacho, a magistrada cita o relatório da primeira fase da operação, denominada Descarte, em que foram identificados depósitos de cheques das empresas do grupo CVC Tur na conta da firma Orion Brasil Construções e Empreendimentos Imobiliários no Banco do Brasil, em que Átila era procurador.
Os valores seriam destinados, porém, ao escritório OTA Advogados, do advogado Otávio Tenório de Assis, que atua em Mauá. Átila, que alegava ser representante desse escritório, foi contratado pelo presidente e fundador da CVC, Guilherme Jesus Paulus, para reverter pendências junto ao Fisco. Átila teria procurado o empresário e garantido ter “contatos na delegacia da Receita em Santo André”. O acordo rendeu ao empresário redução de cerca de 32% nas autuações, de R$ 161,3 milhões.
Relatório da Operação Descarte, deflagrada em março de 2018, apontava que, “embora as respostas do contribuinte (CVC Tur) informassem que os pagamentos (à OTA Advogados) foram referentes a serviços advocatícios que teriam sido prestados por Átila, não foi identificada nenhuma comprovação de que, de fato, tenham sido prestados serviços advocatícios ou de assessoria. “Nem um documento comprobatório da materialidade deste serviço foi apresentado”, diz o relatório.
DELAÇÃO
Essas informações foram passadas pelo presidente da CVC em delação feita à PF e ao MPF (Ministério Público Federal). As declarações do empresário resultaram na operação deflagrada nesta semana.
Além da prisão de Átila, a PF realizou 23 mandados de busca e apreensão, em Santo André e Mauá, além dos Estados de Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. As buscas em Mauá foram feitas em um dos escritórios de Otávio, no bairro Matriz.
Após escândalo, ações têm queda de 2,69%
Após a delação premiada de Guilherme Paulus, fundador do grupo CVC Turismo, as ações da companhia chegaram a despencar 4% ontem, mas encerraram o dia com queda de 2,56%. Trata-se da terceira maior retração registrada pelo pregão da B3 – antiga Bolsa de Valores de São Paulo.
Mesmo assim, a ação da CVC Brasil custa R$ 56, valor mais alto entre os papéis negociados das sete empresas do Grande ABC com capital aberto. A Via Varejo, para se ter ideia, liderou a lista das maiores retrações do pregão de ontem, com tombo de 4,55% e ação vendida por R$ 4,62.
A companhia andreense adquiriu no ano passado três empresas – duas argentinas e a Esferatur. O ganho dos papéis da companhia, que ao longo de 2018 se valorizaram 26,14%, de R$ 48,50 no último pregão de 2017 para R$ 61,18 em 2018, se devem ao bom momento atravessado pelo setor de turismo.
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