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Um boy e suas lembranças dos anos 1960, 1970...
Ademir Medici
06/03/2019 | 07:00
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Navegando pela internet, Vanderlei A. Retondo se deparou com a foto de um trem de subúrbio que fez parte da sua adolescência e, com certeza, de muitos outros adolescentes das décadas de 1960 e 1970. Eram os moderníssimos trens de aço, fabricados no Brasil pela Mafersa, sob licença da The Budd Company e carinhosamente chamados de ‘Budd’.

Diante da foto, Vanderlei se lembrou da página ‘Memória’ e produziu um texto que mexerá com algumas gerações.

O ‘Budd’

Texto: Vanderlei A. Retondo

Corria o final dos anos 1960 e eu, com apenas 14 anos, exibia orgulhoso o primeiro registro de emprego em minha carteira profissional de menor (sim, existia uma carteira de trabalho específica para menores de 18 anos).

Fui contratado como office-boy pela Têxtil Colber, tecelagem que fabricava cobertores e que mantinha seu parque industrial na Rua Onze de Junho, no bairro Casa Branca, em Santo André. Minha função exigia que eu fosse a São Paulo pela manhã para distribuir e recolher correspondências em bancos, empresas fornecedoras e clientes, pois não existiam ainda as facilidades de comunicação de hoje.

Para se ter uma ideia da dificuldade, um telefonema para a Capital exigia muita paciência, pois a telefonia ainda engatinhava. Todas as manhãs eu embarcava no ‘Budd’ das 8h, juntamente com office-boys de outras empresas. Dividíamos a cidade em territórios e trocávamos as correspondências de modo que ninguém precisasse andar pela cidade toda, atitude que alguns viam como irresponsabilidade e hoje enxergamos como o primeiro contato com o sinérgico trabalho em equipe.

Uma loira estonteante na Estação
São Caetano

Na Estação São Caetano acontecia o embarque mais esperado por nós: a loira do trem! Ela era uma jovem senhora aparentando ter entre 30 e 32 anos, de cabelos compridos e lisos, olhos de um azul profundo como o céu em uma manhã de verão. Sempre muito elegante, as roupas justas davam um toque especial em suas generosas curvas, fazendo com que nossa imaginação discorresse sobre os mais inimagináveis sonhos, que terminavam com seu desembarque na Estação Brás.

Poucos minutos depois, desembarcávamos encantados na majestosa Estação Luz, com seu suntuoso edifício administrativo, de alvenaria de tijolos e o espaço utilitário das plataformas, coberto por estrutura metálica, expressão das mais emblemáticas do processo de industrialização e sua repercussão na arquitetura.

Após o almoço e com a tarde livre, perambulávamos pela cidade e foi dessa forma que conhecemos a agora famosa esquina da Ipiranga com a São João, o Largo São Francisco e sua Faculdade de Direito, o Largo do Arouche, com suas floriculturas, o Pátio do Colégio, o Parque Shangai, uma espécie de Play Center da época. Sem contar as visitas à Galeria Pagé para comprar calças Lee que, ao chegarmos em casa, as lavávamos e esfregávamos com vassoura para que desbotasse, pois era essa a moda.

Nosso retorno era no ‘Budd’ da 16h55. Éramos recebidos pelo maquinista (não me recordo seu nome) que, ao ouvir a algazarra típica de jovens de qualquer época, resmungava:
– Que futuro pode se esperar de uma juventude como essa!
É, ‘Budd’, você fez parte de minha juventude e agora de minhas memórias e, como disse o poeta: ‘Tempo bom não volta mais, saudade...’. 

Interação com Facebook
 

‘Até que apareça a próxima vítima’

Depois do assalto, os bandidos se despedem. E a família decide que é preciso quebrar a monotonia.

Da crônica de Guido Fidelis publicada pelo Diário em 5 de março de 1989. Confiram a íntegra no Facebook da Memória – acessem o endereço acima.

Diário há 30 anos

Domingo, 5 de março de 1989 – ano 31, edição 7005

Santo André – Opção de lazer, o Parque Duque de Caxias está abandonado.
Nota – Trata-se do atual Parque Celso Daniel, que já foi área de plantio de batatinhas, Chácara São Luiz e Chácara da GE – General Electric.
Cultura & Lazer – Sonia Braga, Lucélia Santos e Angélica guardam insuspeitada semelhante, em origem e ascensão artística. Do Grande ABC ao mundo, estrelas cruzam destinos.
Música – Paralamas do Sucesso apresentam-se no Mappin ABC.
Futebol – Prefeito Luiz Tortorello lamenta a decisão de Felício Saad, dono do Saad EC, licenciado da Federação Paulista de Futebol.
Novos Tempos – Compact Disc, oferta especial.

Em 6 de março de...

1919 – Em caráter particular, desce da Capital, em automóvel, pela Estrada do Vergueiro, dirigindo-se ao Guarujá, o conde Alessandro de Bosdari, embaixador da Itália junto ao governo brasileiro.
A viagem demorou duas horas, porque a estrada estava em mau estado, devido às últimas chuvas.
No trajeto, o bairro dos Meninos (hoje Rudge Ramos), Centro de São Bernardo (chamado Vila) e Rio Grande (hoje sede do distrito de Riacho Grande).
Internacional – Do noticiário do Estadão:
- Nova agitação dos Spartacus em Berlim: a maior socialista contra o governo.
- O regresso do presidente Wilson, dos Estados Unidos, à Europa.
1934 – João Antonio Cara Valentim nasce em Ouro Fino (Minas Gerais). Agrimensor, advogado, vereador por três vezes à Câmara Municipal de Santo André, vice-prefeito e prefeito da cidade entre 24 e 31 de dezembro de 1963.
Nota – João Cara Valentim reside atualmente em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, e é leitor assíduo de Memória.
1969 – Prefeitura de Santo André solicita ao governo do Estado a instalação de um setor regional da Polícia Técnica e do Instituto Médico-Legal.
1974 – Reativado o prédio do antigo Cine Diadema, agora como teatro infantil, ao lado da Matriz.

Santos do Dia

- Cônon
- Olegário

Municípios Brasileiros

Celebram aniversários em 6 de março:
- Em São Paulo, Itaporanga. Elevado a município em 6 de março de 1871 (lei provincial número 7), com o nome de São João Batista do Rio Verde. É quando se separa de Itapeva. Recebeu o atual nome (ita = pedra; poranga = bonita) em 21 de junho de 1899 (lei número 620).
- Em Minas Gerais, Diamantina
- No Ceará, Horizonte, Jijoca de Jericoacoara e Maracanaú

Fonte: IBGE




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