Setecidades Titulo São Bernardo
Morando faz apelo contra a venda de apartamentos

São Bernardo entregou ontem 61 unidades no Jardim Silvina; obras tiveram início em 2013

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
02/03/2019 | 07:00
Compartilhar notícia
Aline Melo/DGABC


 A Prefeitura de São Bernardo entregou, na manhã de ontem, 61 apartamentos do Conjunto Duarte Murtinho, no Jardim Silvina. O prefeito Orlando Morando (PSDB) fez um apelo aos beneficiários para que não vendam as unidades e lembrou que a comercialização de residências oriundas de programas sociais, durante o financiamento, é crime. “Não vamos ser tolerantes. Muitas pessoas recebem o apartamento, ficam um mês, vendem e invadem outro terreno. Peço às mulheres, que são mais responsáveis, que denunciem e não se intimidem se os maridos tentarem vender”, afirmou.

Os imóveis integram condomínio com 120 apartamentos, dos quais 59 haviam sido entregues em 2016. Na Rua Padre Leo Comissari, também no Jardim Silvina, a administração entregou 36 unidades, em janeiro, de um total de 48 (as outras 12 já contavam com moradores). Outros 20 apartamentos ainda serão construídas em área que está com processo judicial para desocupação. O projeto Silvina Audi começou em 2013, com urbanização, produção de moradias e regularização fundiária, num total de R$ 112 milhões em investimentos, oriundos dos governos federal, estadual e municipal. As famílias atendidas foram removidas em 2009 de áreas de risco e recebiam auxílio-aluguel. Agora, vão pagar pelo financiamento das unidades, valores que ainda serão definidos de acordo com a renda familiar.

As obras dos 120 apartamentos ficaram paradas por mais de um ano. “Fizemos novo alinhamento contratual, a obra foi retomada, paga e agora entregue. Ainda dentro desse semestre vamos entregar mais 420 unidades, que é o conjunto Independência (no Montanhão), e só temos hoje pendente para retomar as obras do Capelinha, mostrando que a habitação tem sido uma das grande prioridades na nossa gestão”, afirmou o prefeito. “Tenho certeza que quando você investe em habitação, junto você melhora a saúde, a segurança pública, a condição de vida e leva cidadania às pessoas, que é o que a gente tem procurado fazer”, concluiu.

Os apartamentos têm 44 metros quadrados e contam com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço, além de cozinha. Cada unidade tem um custo médio entre R$ 130 mil e R$ 150 mil, dependendo do projeto e das condições do terreno. A expectativa do governo é que até o fim da gestão, em 2020, tenham sido entregues 1.000 unidades habitacionais.

Morando destacou que a fiscalização sobre a venda dos imóveis é feita pela Prefeitura, mas depende de denúncias. “Não temos como saber quem está dentro do apartamento. “Contamos primeiro com a responsabilidade de quem recebe a unidade, depois, os vizinhos”, pontuou. A cidade conta com 1.800 famílias recebendo o auxílio-abrigo. “Oficialmente, esse é o nosso deficit habitacional. Pode ser que haja outras pessoas que morem em sub-habitação, mas, para efeitos legais, é esse o número”, declarou.

 

Moradores aguardavam por imóveis há dez anos

O ano era 2009 e a auxiliar de limpeza Magnólia Silva da Cruz, 50 anos, chegava da Bahia, onde tinha ido visitar o pai. Ainda na rodoviária, a irmã a alertou que sua casa na Rua Padre Leo Comissari, no Jardim Silvina, em São Bernardo, havia sido interditada após um deslizamento de terra. “Ela me disse: ‘você não tem mais casa’. Só pude tirar as minhas roupas, perdi tudo que tinha”, lembrou emocionada.

Após morar um ano com o filho adolescente em dois cômodos na casa da irmã, Magnólia foi incluída no programa bolsa auxílio. Passou dez anos aguardando pela residência e se mudando frequentemente, devido aos altos preços do aluguel.

“Perdi tudo, porque a cada mudança, estragava alguma coisa. Hoje tenho apenas um fogão, meu guarda-roupas e a cama do meu filho. Nem acredito que agora vou entrar em algo que é meu”, pontuou. “Já estava guardando dinheiro para colocar o piso. Vou logo atrás de pedreiro e dia 15 quero estar aqui dentro”, concluiu.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;