As discussões sobre a jornada de trabalho não se limitam ao campo econômico e produtivo, como pode parecer para muitos. A questão também envolve a saúde das pessoas que, ao trabalharem demais, podem adquirir doenças osteomusculares e distúrbios psíquicos que, em certos casos, levam o indivíduo a tentar o suicídio.
Segundo a médica e pesquisadora do Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho), Maria Maeno, dentro e fora do Brasil há diversos estudos comprovando a relação direta entre uma jornada de trabalho muito longa com esses problemas de saúde.
A pesquisadora, inclusive, alerta para o fato de que as consequências negativas de uma longa jornada são agravadas pela intensificação do ritmo de trabalho.
“É uma discussão antiga. Jornada longa não colabora para aumentar o número de postos de trabalho e ainda gera uma série de problemas que lá na frente vão onerar ainda mais os sistemas de saúde e previdenciário. E quando existe pressão para que o trabalhador produza num ritmo maior, as possibilidades de doenças e até mesmo de acidentes aumentam”, afirma.
Maria Maeno conta que no Japão há um grande número de suicídios causados justamente pelo excesso de trabalho. Lá, segundo ela, o governo demonstra estar preocupado e tem tentado formular políticas públicas para resolver ou pelo menos reduzir os casos.
“No Japão isso é clássico. Os primeiros relatos são de 1978 e, hoje, já não existe mais dúvida de que boa parte dos suicídios está relacionada à longa jornada de trabalho. A pessoa entra em depressão e acontece o pior”, comenta.
No mês passado foi divulgado por alguns órgãos de imprensa um estudo realizado pela Agência de Saúde de Barcelona, na Espanha, concluindo que trabalhar mais de 40 horas semanais causa danos físicos e emocionais ao indivíduo.
De acordo com o estudo, homens são afetados principalmente por meio de distúrbios do sono, enquanto as mulheres apresentam sintomas como hipertensão, ansiedade, aumento da probabilidade de fumar, entre outros.
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