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Com tremores, vazamento e vacância, Golden vive mau momento

Shopping de S.Bernardo investe R$ 4,5 mi para reparar fachada, impermeabilizar local e expandir

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
19/02/2019 | 07:17
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Celso Luiz/DGABC


A última semana foi um tanto conturbada para o Golden Square Shopping, em São Bernardo, que já não atravessa momento muito favorável, uma vez que o complexo de compras registra mais de uma dezena de lojas fechadas. O cenário foi reforçado por fatos que circularam nas redes sociais e motivaram manifestações de leitores do Diário em busca de respostas. Na sexta-feira, algumas lojas foram alagadas e o teto em uma delas chegou a romper, em decorrência das fortes chuvas, além disso, há uma semana, após o início de obras no último andar do edifício, o G7, tremores no prédio deixaram muitas pessoas assustadas.

Questionado sobre os ocorridos, o superintendente do Golden Square Shopping, Carlos Galvão, admitiu que o complexo de compras está passando por obras justamente para sanar alguns problemas de infraestrutura, além de preparar o espaço para expansão, mas ele assegura que não há risco aos consumidores nem aos funcionários do local. Segundo Galvão, a Ancar Ivanhoe, proprietária do espaço, está investindo R$ 4,5 milhões para melhorar suas instalações, inauguradas em outubro de 2013. “Estamos corrigindo imperfeições na fachada do edifício e investindo para ampliar sua vida útil, o que inclui eliminar infiltrações. O L3 sofreu forte impacto das chuvas de sexta-feira e estamos atuando na impermeabilização. Além disso, as obras também visam adaptar espaço para que possam ser feitas expansões de clientes interessados. A previsão é a de que a obra dure quatro meses, terminando em maio. Como o shopping está em área residencial, temos de realizar as intervenções durante o dia, o que pode chamar atenção pelo barulho, mas não há risco a quem está no local.”

Galvão respondeu ainda que, em relação ao piso de uma das lojas que ‘levantou’, isso foi decorrente das altas temperaturas. “Faz muito calor em São Bernardo. Estamos nos adequando também com essa obra, para nos preparar melhor às altas temperaturas e às chuvas decorrentes delas.”

Perguntado sobre o tremor sentido na segunda-feira passada, Galvão explica que havia uma retroescavadeira no último andar, o G7, para demolir platibandas (guardacorpos de cimento ou tijolo), o que não deu certo, haja vista que gerou vibração no edifício – o que apavorou as pessoas –, então o processo foi substituído por algo manual. “É possível que tenhamos de reforçar o número de profissionais para terminar a obra no tempo previsto, em vez de usar máquinas, a fim de evitar transtornos”, disse. Quanto à segurança do estabelecimento, ele foi categórico: “Não existe risco nenhum. Estamos 100%, tecnicamente falando, em dia com nossas obrigações. Toda a documentação da obra está em dia, inclusive legalmente. Tivemos vistoria de especialistas do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo), da Defesa Civil e da Secretaria de Obras de São Bernardo, que avaliaram o shopping e não apontaram irregularidades. E o masterplan que tem o aval da Prefeitura, permite a expansão do G6.”

Em nota, a Prefeitura afirmou que vistoriou as obras do empreendimento. “Trata-se de reforma interna, em que a Defesa Civil não identificou, no aspecto visual, indícios de risco, no momento. Os locais de intervenções estão isolados, com funcionários devidamente paramentados, equipamentos de segurança, bem como com os equipamentos de segurança coletiva estavam presentes. Há equipe de engenharia da obra no local acompanhando os serviços”. Ainda de acordo com o Paço, a documentação está regular.

Vale lembrar que a inauguração do Golden, em outubro de 2013, foi adiada por pelo menos seis vezes. Adquirido no fim de 2008, o complexo estava previsto para abrir as portas ao público no fim de 2010. Um ano depois foi adquirido pela Ancar Ivanhoe. Em novembro de 2011, parte da obra do sétimo andar desabou. Alguns vizinhos do empreendimento tiveram rachaduras nas residências, cujo conserto foi arcado pela construtora.


Alagamento e rachaduras ocorreram no fim de semana

Após a tempestade na sexta-feira no Grande ABC, entrou água no Golden Square Shopping por frestas. A Daiso foi uma das mais atingidas. Funcionários precisaram se mobilizar para escoar a líquido do estabelecimento.

Também foi registrada queda de um pedaço do teto da Tip Top. Ainda de acordo com informações obtidas pelo Diário ontem, pedaço do G7, onde estão ocorrendo as obras, também teria caído.

O Golden Square informou, por nota, que em razão do alto volume de chuva “algumas lojas tiveram infiltrações que foram sanadas rapidamente pela equipe de manutenção”. Os reparos foram comprovados por equipe de reportagem que visitou o local ontem.

Na quinta-feira, equipe de reportagem do Diário havia verificado interdição no piso da Lojas Renner e o Burguer King fechado, de acordo com funcionários, após tremor mais forte naquela manhã. Segundo a assessoria, o complexo de compras reforça ainda que “todas as lojas funcionam normalmente”. (Marcela Munhoz)


Hoje, taxa de ocupação chega a 85%

Em relação aos tapumes nos corredores de todos os andares de lojas, o que chama atenção do visitante, o superintendente do Golden, Carlos Galvão, afirmou que o investimento também busca preparar melhor o espaço para receber outras lojas, e que a vacância de hoje estaria empatada com a do início de 2018. A taxa de ocupação do Golden Square Shopping, segundo ele, está em 85% dos 31 mil metros quadrados de ABL (Área Bruta Locável).

“Encomendamos pesquisa Ibope que nos mostrou necessidade de investir para seguir atraindo públicos A e B da região. Aliás, buscamos manter o que interessa ao público local, mix de lojas com marcas exclusivas e relevantes”, contou.

Segundo Galvão, no ano passado houve a inauguração de 20 lojas. Ele não elencou todos fechamentos, mas citou que em dezembro foram encerradas as operações do Folha de Uva e American Prime Steakhouse. Além delas, também baixaram as portas nos últimos tempos: Intimissimi; Sweet and Sassy; BB Básico; Adidas, Nakombi; Capodarte; Livraria Leitura e Farmais. Ele reconhece que a Leitura é a maior vacância, pois ficava em 700 metros quadrados. Mas rebate os encerramentos, dizendo que hoje há muito mais lojas do que quando o complexo abriu as portas. “Temos empreendimentos de peso, como a Forever 21, o Ponto Frio, o Minuto Pão de Açúcar, o laboratório CDB, o Mania de Churrasco, a Melissa e a Pizza Hut, que vai ocupar o lugar da farmácia. Além disso, o Pecorino entrou no lugar do Nakombi, mas optou por ficar em outro andar.” Hoje, há 187 lojas, sendo que na inauguração, porém, foram anunciadas 230.

Apesar dos números, funcionários que pediram sigilo disseram que o shopping “vive vazio”, e que isso deve ter motivado a saída de lojas do espaço. “O aluguel é alto e tem pouca gente circulando, o que não compensa o investimento”, disse uma delas, sem detalhar valores. “É uma pena, mas não tem tanto consumidor assim. O Grande ABC tem muitos shoppings, e as pessoas acabam preferindo os mais tradicionais. É ruim andar pelo local com tapumes pelos corredores. Até desanima.” Mais otimista, outra fonte disse que “shopping novo é assim mesmo, daqui a pouco melhora”.

Galvão afirmou que o cenário é natural de shopping center, e que o Golden ainda não atingiu o período de maturação, que ele estima ser em três anos, quando o complexo celebrará oito em São Bernardo. “Até lá, é normal esse movimento. Além disso, pelo fato de o Golden ser vertical, o visitante só tem a visão de quem está no piso dele, diferentemente de espaços lineares, em que você vê todos os públicos circulando. E é justamente esse fato que também atrai o consumidor, que pode fazer suas compras com maior conforto.”

Segundo o superintendente, o público do shopping chegou a 6 milhões de pessoas em 2018 e, neste ano, a ideia é ampliar o fluxo em 8%, para 6,5 milhões.

Fontes disseram ainda que a Lojas Renner irá ampliar seu espaço no terceiro piso, ocupando a antiga bilheteria do cinema. No entanto, Galvão disse que não poderia comentar e a varejista não respondeu até o fechamento desta edição. 




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