Para gestores do Grande ABC, reforma da Previdência, montagem de ministério técnico e pacote anticorrupção de Moro são pontos altos
Os prefeitos do Grande ABC mantiveram otimismo passado um mês de gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), declarando que, embora seja tempo curto para tecer análise aprofundada, os primeiros passos do mandatário foram dados no caminho certo.
O principal elogio vem com a mudança de conceito na montagem de ministérios. Diferentemente dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), quando fatias do governo eram distribuídas para partidos em troca de apoio no Congresso, Bolsonaro optou por apostar em figuras técnicas, fechando espaços para indicações estritamente políticas.
Prefeito da maior cidade da região, Orlando Morando (PSDB), de São Bernardo, avaliou com otimismo as nomeações, em especial a de Sérgio Moro para Justiça e Segurança Pública. “Temos otimismo sobre as articulações para a votação da reforma da Previdência, assim como as medidas anticorrupção feitas pelo ministro Moro <CF51>(apresentadas na semana passada ao Congresso)</CF>.”
Morando, entretanto, listou que polêmicas envolvendo Bolsonaro arranham a imagem. Ele citou a investigação por movimentações financeiras atípicas do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, e o desastre em Brumadinho, em Minas Gerais, quando estourou barragem de rejeitos de minério da Vale, vitimando mais de 150 pessoas.
Para José Auricchio Júnior (PSDB), de São Caetano, o otimismo fica por conta das pautas importantes que estão em debate, em especial a reforma da Previdência e o pacote anticrime de Moro. “Essas são medidas importantes, que acho que podem mostrar a força e a capacidade de articulação do governo dentro do Congresso.” Auricchio, porém, criticou a comunicação do governo, que, para ele, foi “confusa”. “Mas há boa vontade em realizar mudanças.”
Paulo Serra (PSDB), de Santo André, pontuou que ainda é cedo para fazer qualquer tipo de diagnóstico, mas elogiou as intenções. “Mantenho otimismo passados 30 dias. Normal que no início existam alguns tropeços”, disse. Ponto alto, destaca o prefeito, é a montagem do ministério. “Equipe me parece bem técnica e focada nas prioridades.”
Adler Kiko Teixeira (PSB), de Ribeirão Pires, argumentou que o presidente terá muitos desafios nos cenários político e econômico. O socialista disse torcer para que Ribeirão Pires esteja inserida em projetos de investimentos. “Seguimos trabalhando, alinhados às ações do Estado e da União, para promover avanços em Ribeirão.”
Lauro Michels (PV), de Diadema, e Gabriel Maranhão (sem partido), de Rio Grande da Serra, também ponderam que um mês é pouco tempo. Para Lauro, resta a torcida. “Como brasileiro, acredito que temos que ter otimismo e confiar que o governo olhará por todos.” Maranhão vai pela mesma linha. “Sei que o presidente fará gestão para todos os brasileiros. Como tal, fica a minha torcida.”
Prefeita interina de Mauá, Alaíde Damo (MDB) não respondeu aos questionamentos do Diário.
População discorda de principais temas
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ter vencido em todas as sete cidades na eleição de outubro, a maioria da população discorda das principais pautas defendidas pelo capitão reformado do Exército. Pesquisa realizada pelo instituto ABC Dados mensurou a aceitação dos moradores da região a respeito de temas sustentados pelo político: privatização, flexibilização de direitos trabalhistas, legalização do porte e da posse de arma de fogo, restrição de ensinos sexual e político. Somente a respeito de redução de educação política nas escolas houve mais elogios no Grande ABC.
Sobre privatização, 41% dos entrevistados disseram discordar totalmente do presidente – outros 13% discordam em parte. Os que concordam totalmente somam 17%.
A respeito de alterações para diminuir o volume de direitos trabalhistas, 37% das pessoas ouvidas criticaram todas as propostas – outras 16%, parte delas. Somente 17% aceitaram totalmente as mudanças na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Uma das principais bandeiras da campanha de Bolsonado foi a facilitação à posse de arma (a possibilidade de se ter o armamento em casa, mas não carregá-lo). Porém, 51% da população da região entendem que esse não é o caminho – outros 10% discordam em parte. Sobre o porte de arma, a crítica é ainda mais incisiva: 61% discordam totalmente – outros 11%, em parte.
Na questão de educação política, 50% concordam totalmente com Bolsonaro em restringir esse tipo de assunto. O ABC Dados ouviu 1.000 pessoas nas sete cidades, entre os dias 11 e 15 de janeiro.
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