Cultura & Lazer Titulo
Respeito pela história
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
13/09/2009 | 07:00
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Basta verificar a diversidade de títulos lançados entre janeiro e agosto para comprovar que a produção cinematográfica brasileira nunca esteve tão afinada com os documentários musicais. Filmes como Waldick Soriano – Sempre no Meu Coração, estreia da atriz Patricia Pillar como diretora, e Loki – cinebiografia do ex-Mutante Arnaldo Baptista dirigida por Paulo Henrique Fontenelle – são apenas dois exemplos da lista numerosa.

A mais recente prova do prestígio dessa linguagem foi dada pela MTV, que criou categoria para o gênero na edição deste ano do VMB (Video Music Brasil), marcada para o dia 1º, no Credicard Hall, em São Paulo. “Antes de começarmos a discutir sobre categorias, chamou a atenção a quantidade de documentários musicais neste ano, que é rara. Também queríamos fazer um VMB que fosse mais abrangente para a audiência”, explica o diretor Cacá Marcondes.

CONCORRÊNCIA
Entre os concorrentes estão Coração Vagabundo, do diretor Fernando Grostein Andrade sobre Caetano Veloso, e Titãs – A Vida Até Parece uma Festa, de Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves. Recém-lançado em DVD, o memorável filme sobre a banda paulistana – que teve público de 15 mil espectadores, entre janeiro e junho –, conta com apoio cultural da MTV. A emissora também o exibiu recentemente em programação dedicada a documentários.

Marcondes não vê problemas nessa suposta parcialidade. “A isenção total manda a gente eliminar os que têm relação conosco. Por outro lado, consideramos nossa avaliação importante e não seria justo com a audiência não colocar o filme para concorrer porque nós apoiamos.” Em todas as categorias, o telespectador escolhe o premiado.
 
RESGATE HISTÓRICO
Para André Saddy, produtor executivo de Loki, a abundância de lançamentos tem relação com a crescente preocupação dos diretores em relação à preservação de patrimônios históricos, o que inclui a música.

Além disso, ele acredita que houve mudança na percepção sobre o gênero. “As pessoas ficavam assustadas com documentários. Imaginavam que era uma coisa chata e careta, geralmente com narração.”

Primeira produção do Canal Brasil, o filme também teve público pagante de 15 mil pessoas e foi premiado em festivais como a Mostra Internacional de São Paulo e Cine Fest Petrobras Brasil-NY, realizado em Nova York. Em novembro, será lançado em DVD.
 
DIFERENTES VISÕES
Codiretor de Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei, Micael Langer apresenta outra visão sobre o boom dos documentários. “A quantidade de lançamentos é reflexo do maior número de projetos conseguindo recursos para financiamento. Não há relação direta com o público nesse sentido. Quanto ao sucesso, ele é relativo, pois se compararmos os números de bilheteria com os filmes de ficção, há diferença grande”.

O elogiado filme sobre o cantor Wilson Simonal – realizado por Langer em parceria com Claudio Manoel e Calvito Leal – está em cartaz há cerca de quatro meses e foi visto por 70.919 pessoas.

Codiretor de documentário sobre o cantor Herbert Vianna que estreia em outubro, o cineasta Pedro Bronz acredita que a atual demanda tem relação com a maior popularidade da música em relação a outras manifestações artísticas. “É a arte que está anos-luz na frente de todas as outras produções culturais de nosso povo, nosso imaginário popular. Nada mais natural do que fazer filmes sobre esses grandes artistas.”




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