O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano decidiu endurecer a postura em relação às negociações com a GM (General Motors). A montadora norte-americana pediu aos trabalhadores flexibilização de direitos e benefícios para garantir a manutenção da planta na região. Porém, de acordo com a entidade sindical, pontos de acordo coletivo firmado em 2017 estão sendo desrespeitados e por isso serão realizadas assembleias hoje para definir os próximos passos.

O presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, afirmou que não pretende comparecer a encontro agendado para hoje com representantes da montadora. “Hoje (ontem), entrei em contato com eles e disse que não iria comparecer porque não temos mais nada para discutir. Temos acordo em vigência (assinado em 2017 e válido até 2020). Então, como vou falar sobre algo que já foi decidido?”, questionou.

O documento firmado há três anos entre o sindicato e a montadora já tinha flexibilizado itens como o adicional noturno, que foi para o mínimo previsto em lei (20%), e também diminuiu o piso salarial em 20%. A negociação foi necessária para que a GM injetasse R$ 1,2 bilhão na modernização da planta, o que inclui produção de novo veículo, que deve ser iniciada neste ano.

Na última reunião, terça-feira, o sindicato já tinha se posicionado contra nove das 22 cláusulas apresentadas pela companhia. Entre elas, terceirização irrestrita, trabalho intermitente, redução do piso salarial de R$ 1.800 para R$ 1.600, fim da estabilidade para os trabalhadores acidentados e fim do subsídio para o transporte gratuito. Porém, a discussão sobre outros itens, como o plano de saúde e o pagamento da compensação do auxílio previdenciário, seriam retomadas hoje.

“Nas assembleias, espero ter alguma posição de como vamos proceder em relação às negociações. Queremos colocar pontos em votação para fazer tudo com respaldo dos trabalhadores”, disse Cidão. A pauta ainda estava sendo discutida em reunião entre representantes do sindicato, que até o fechamento desta edição ainda não tinha terminado.

ESTADO
O presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, e o vice-presidente de Relações Governamentais da empresa no Brasil, Marcos Munhoz, participaram de reunião com o governador João Doria (PSDB) e o secretário de Fazenda e Planejamento, Henriques Meirelles, ontem, no Palácio dos Bandeirantes, para falar sobre as negociações.

Havia expectativa de anúncio em relação a incentivos fiscais à montadora, que pleiteia antecipação de créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o que não ocorreu. Conforme apurado pelo Diário, a reunião aconteceu para colocar o governador a par do andamento das negociações. O Estado acompanha a interlocução com revendedores e fornecedores, e Meirelles já disse que a antecipação está sendo avaliada, mas que depende de receitas compensatórias, que ainda não foram identificadas.

O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), afirmou que as pautas da montadora junto à Prefeitura seriam iniciadas após esta reunião. “Portanto, isso deverá ocorrer a partir da próxima semana”, disse.

A montadora não se posicionou sobre o assunto até o fechamento desta edição.