Santo André, Mauá e Ribeirão Pires são as cidades mais afetadas; dose particular passa dos R$ 250
Pelo menos desde junho do ano passado diversas mães do Grande ABC encontram dificuldades para imunizar os filhos contra meningite c, vacina que faz parte do PNI (Programa Nacional de Imunização) e é fornecida gratuitamente em todo País pelo SUS (Sistema Único de Saúde).O tipo C da doença representa cerca de 70% dos casos de infeção das meninges (membranas que revestem o cérebro e a médula espinhal) entre crianças e adultos entre 2 meses e 50 anos, por isso a importância do comprimento do PNI, que inclui três doses da vacina no primeiro ano de vida – aos 3 e 5 meses, com reforço aos 12.
A autônoma Paula Peres, 34 anos, de Mauá, foi uma das mães que encontrou dificuldade para imunizar sua bebê. Ela foi informada na UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Guapituba, onde costuma aplicar as vacinas, que a mesma estava em falta. “Me pediram para retornar na próxima semana. Quando voltei, continuava sem e novamente pediram para que eu aguardasse mais um mês, mas não quis esperar. Meu marido e eu decidimos ir para a rede particular. Pagamos cerca de R$ 250 pela primeira dose da ACWY (que além da meningite C, também previne contra os tipos A, W e Y que não são disponibilizadas na rede pública)”, relembra. Mas a saga não parou por aí. Na época de aplicar a segunda dose, Paula questionou a UBS se o envio já havia sido normalizado. “Me contaram que naquele mês a unidade só havia recebido três doses da vacina. Então conversei com meu marido. Graças a Deus temos condições de pagar, então resolvemos deixar para quem não tem. Um mês depois quando novamente precisei ir ao posto, questionei. A enfermeira relatou que algumas mães estavam chegando antes da unidade abrir, às 5h para não perder a vacina”, acrescenta.
A prefeitura de Mauá informou que o problema no município teve início em junho de 2018, mas o quadro foi normalizado em novembro. Apesar disso, em dezembro “o quantitativo ainda não foi suficiente para o mês inteiro, devido a demanda reprimida.” O município aplica em médica 1.500 doses mensais.
Mas a falta da vacina não é apenas exclusividade de Mauá. Em Santo André a insuficiência na distribuição teve início em março. Segundo a Prefeitura, foram solicitadas ao longo de todo o ano, 34.500 doses, mas apenas 24.600 foram repassadas pelo Estado até a primeira quinzena de dezembro. Já São Caetano disse que desde novembro não houve falta da vacina, apenas redução de entrega do quantitativo. Apesar disso, eles garantem que “para a demanda de crianças moradoras deste município, o quantitativo de vacinas está normalizado.”
Ribeirão Pires também não conseguiu suprir toda demanda em 2018. “De janeiro a novembro, imunizamos 995 crianças com idade entre 0 e 1 ano contra a meningite. A meta de imunização do município é de 1.326.” As demais cidades da região informaram que não tiveram problemas.
A responsabilidade de distribuição das vacinas é do Estado, que recebe as doses do Governo Federal e repassa para os municípios. Em resposta a solicitação do Diário, a Secretária de Saúde informou que até o dia 14 de dezembro, foram solicitadas pela pasta ao Ministério da Saúde cerca de 2,8 milhões de doses da vacina meningocócica C. Porém, foram enviadas 1,5 milhão, o que representa 54% do total, resultando na necessidade de redistribuição parcial em âmbito estadual. “Foram enviadas cerca de 117 mil doses de vacina à região do Grande ABC. A pasta dialoga com a nova gestão federal para abastecer a rede e outros quantitativos serão enviados tão logo ocorra a entrega de novas remessas”, finalizou.
O Ministério da Saúde por sua vez informou que a distribuição da meningocócica C ficou reduzida devido a atrasos na entrega pelo Funed (Fundação Ezequiel Dias), laboratório produtor da vacina. “Em uma tentativa de manter as entregas em dia, o Ministério da Saúde realizou uma consulta à Opas (Organização Pan-americana da Saúde) sobre a possibilidade de adquirir a vacina de um produtor internacional. Infelizmente não existe, no mundo, outro laboratório com capacidade de produção para atender a demanda do Brasil, de acordo com a organização.
Ao todo, 9,8 milhões de doses foram distribuídas para todo País, sendo 1,9 milhão para São Paulo, incluindo as doses previstas para janeiro. “Cabe esclarecer, ainda, que o Ministério da Saúde continuará atendendo a demanda dos estados de acordo com o cumprimento do cronograma de entregas pelo Funed”, acrescentou.
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