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Jovem de Rio Grande é exemplo de superação

Isabela Souza Araújo não deixa com que doença crônica a impeça de ir em busca de sonhos

Aline Melo
do Diário do Grande ABC
07/01/2019 | 07:07
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Denis Maciel/DGABC


Uma adolescente que acabou de terminar o Ensino Médio e aos 17 anos sonha em ser atriz e médica pediátrica oncológica. Isabela Souza Araújo, moradora do bairro Santa Tereza, em Rio Grande da Serra, mantém características comuns a qualquer jovem. É popular no Instagram – tem 10,1 mil seguidores, com quem compartilha o seu dia a dia – e o passeio preferido é ir ao shopping. Uma delas, entretanto, a torna especial: a capacidade de superar as adversidades impostas pela vida.

O fato de ter nascido com má-formação congênita, a mielomeningocele, que afeta coluna, medula e nervos, e a obriga a usar muletas e cadeira de rodas, é encarado como motivo para se superar. “Minha limitação me ajudou. Se não fosse por ela, não teria superado tantos desafios”, afirma Isabela.

E as dificuldades foram muitas. Desde a resistência em ser aceita em escolas públicas da sua cidade, passando pelas 18 cirurgias que já realizou (entre elas a amputação de dois dedos dos pés), até o desafio diário de circular com uma cadeira de rodas pelas ruas de paralelepípedos do bairro onde vive. “Já tive momentos de me questionar. Por que isso aconteceu comigo? Via as crianças correndo e queria ser igual. Até que tive um professor de Educação Física que sempre procurava me incluir nas atividades e dizia que precisava colocar na minha cabeça que sou normal”, lembra a jovem.

Isabela nasceu prematura, aos 8 meses de gestação. Sua irmã gêmea, que não tinha má-formação, não sobreviveu, e ela recebeu, ao nascer, prognóstico de apenas sete dias de vida. “De alguma forma, não me sentia mãe dela. Foi bastante difícil, passamos por muito sofrimento, mas sempre lutei por todos os tratamentos e cuidei dela da melhor forma possível”, afirma a mãe, a cuidadora desempregada Maria Alice de Souza, 41.

A mãe também faz parte do Conselho Municipal de Pessoas com Deficiência, reativado na cidade há cerca de um ano. “Quando passo em um local que não tem a porta adaptada, quero lutar para que aquele lugar se adeque. As escolas devem se adaptar para receber os alunos e não o contrário. Não apenas pela minha filha, mas por todos que precisam”, pontua.

A mãe de Isabela também sentiu na pele, por um período de dois anos, o que era depender de cadeira de rodas. Tumor na medula a fez perder os movimentos das pernas, recuperados após cirurgia. “Isso me fez entender ainda mais o que ela passava”, declara Maria Alice. A jovem, que na época tinha 9 anos, precisou desenvolver independência e assumir procedimentos que antes eram feitos pela mãe, como a lavagem intestinal diária. “Com outras pessoas fazendo sentia dores, então tive eu mesma de realizar”, relembra.

Sonhadora, Isabela aguarda pela nota no Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) para se inscrever em faculdades, entre elas, a FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. A estudante ganhou ano passado bolsa de estudos em cursinho preparatório, mas, devido ao grande tempo que passou internada por causa de cirurgias, acredita que seu aproveitamento não foi total. Espera pelo momento em que vai poder ter sua casa própria e carro, devidamente adaptados. “Enquanto tiver forças, enquanto Deus me der condições, vou continuar fazendo tudo o que eu quero”, garante. 




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