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Prefeitos esperam de Bolsonaro reformas e olhar municipalista

Chefes de Executivo pregam mudança na relação da União com as cidades na gestão do futuro presidente

Raphael Rocha
01/01/2019 | 06:26
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Tânia Rêgo/Agência Brasil


Reformas, em especial a da Previdência, e olhar municipalista. Esses são os dois principais pedidos dos prefeitos do Grande ABC ao capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro (PSL), que toma posse hoje como 38º presidente do Brasil.

O Diário ouviu os chefes do Executivo da região para saber sobre as perspectivas que eles têm com relação ao futuro governo. A maioria diz possuir esperanças de dias melhores, mas alertou que a próxima administração traz incógnita, já que seu plano de governo pouco foi debatido durante a campanha eleitoral.

Prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio Intermunicipal, Orlando Morando (PSDB) pontuou que Bolsonaro chega ao poder com amplo respaldo popular – foi eleito com 57,7 milhões de votos –, fato que permite a ele implementar projetos ousados e necessários ao País.

“Bolsonaro tem toda condição e apoio popular para fazer boa gestão. Não acho que será fácil. No caso dele, as decisões que precisam tomar são mais difíceis. Quero acreditar que fará o melhor para o Brasil”, discorreu o tucano, citando a necessidade de uso do capital político para avançar com as reformas. “Primeiro semestre ele precisa dar o tom das reformas. Se não fizer isso complica. A equipe econômica é boa. Mas o restante não conheço.”

Pela terceira vez prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB) também compactua da opinião de que o time econômico de Bolsonaro é competente. Entretanto, alerta que as ideias do futuro presidente pouco foram mostradas ao público, “o que assusta”. “Foi campanha estridente na rede social e pouco debatida. A discussão do Brasil ficou na ponta da faca do rapaz de Juiz de Fora (quando Bolsonaro sofreu facada em setembro, ao fazer comício na cidade mineira)”, avaliou Auricchio, outro a pregar reformas. “O processo-chave dele é aprovar reforma da Previdência no começo do governo. E uma reforma única. Não pode fatiar e gastar o capital político. Se partir de reforma previdenciária benfeita e executada, tem ajuste fiscal grande.”

Anfitrião de reunião da FNP (Frente Nacional de Prefeitos) neste ano, Auricchio sustentou a pauta defendida no encontro: revisão do pacto federativo, de forma que as responsabilidades sejam mais compartilhadas, tirando peso das costas das cidades. “Existe asfixia. O Estado está grande, paquidérmico e ineficiente e precisa ser reduzido. Mas precisa privilegiar uma visão municipalista, se não você mata os municípios.”

Prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB) teceu elogios à equipe econômica de Bolsonaro, chefiada por Paulo Guedes. “O Paulo Guedes é economista que tem arcabouço liberal importante, na mesma linha do Persio Arida (economista que atuou na campanha de Geraldo Alckmin, PSDB, à Presidência) e outros tão competentes, por isso estamos com expectativa positiva do País voltar a crescer, o que vai ajudar muito cidades como a nossa, que estão preparadas, com credibilidade recuperada, propícia a receber investimentos”, analisou o tucano. “Boa equipes foram montadas, e esperamos que haja encaminhamento de questões essenciais com a mesma firmeza que foi acordada no período eleitoral.”

Chefe do Executivo de Diadema, Lauro Michels (PV) pregou a necessidade de redistribuição de responsabilidades entre União, Estado e municípios. “Hoje o SUS (Sistema Único de Saúde) é problema que assola. Há dificuldade em colocar a Saúde para funcionar. Até pela falta de verba. Sobre o novo governo, ninguém sabe o que vai acontecer. Mas tenho fé e esperança”, opinou o verde.

Lauro foi outro a defender olhar mais carinhoso às cidades e que sejam consideradas características locais na hora de distribuição de programas e recursos. “Pautas precisam ser discutidas melhor, para que programas sejam encaixados em cada município, levando em consideração seus aspectos locais.”

Adler Kiko Teixeira (PSB), de Ribeirão Pires, pediu que Bolsonaro busque desburocratizar o Estado e, em especial, a busca por recursos federais. Ele citou como exemplo o projeto aprovado para construção de viaduto na cidade, na ordem de R$ 50 milhões, recurso esse que, na visão dele, “demorará pelo menos 70 anos para ser totalmente liberado”.

“Governo federal é espaço mais distante da realidade das prefeituras. Com Bolsonaro, espero que a economia volte a aquecer e melhore a situação financeira dos municípios. Aguardo também agilidade nas verbas para os municípios. Muitas vezes por natureza técnica demoram para se tornarem realidade. Há muita mentira dita aos municípios”, disse.
(Colaboraram Fábio Martins e Daniel Tossato) 

Legado do PSDB favorece Doria em São Paulo

Se com o próximo presidente Jair Bolsonaro (PSL) há incerteza sobre o futuro, sobre o governador eleito João Doria (PSDB) a expectativa dos prefeitos do Grande ABC é mais otimista. Isso porque, na visão deles, o tucano herdará uma administração saudável financeiramente – em comparação com demais Estados do País –, situação que permitirá investimentos.

 “Tenho expectativa bastante positivas ao governo do Doria. O fato de serem 24 anos de PSDB no governo do Estado ele encontra o Executivo equilibrado, com lição de casa feita, finanças em dia, folha de pagamento equalizada, Previdência equacionada. Tem o que investir”, comentou o prefeito José Auricchio Júnior, de São Caetano. “Doria é dinâmico, saberá no que investir. Tem compromisso forte com a Segurança Pública. Sabemos dos desafios de sempre, administração penitenciária, transporte sobre trilhos e esperamos que o Grande ABC tenha sua vez.”

 Integrante da equipe de transição, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), afirmou estar “otimista” com o trabalho do correligionário. São Bernardo e o Grande ABC ganham com a gestão Doria. É governador dinâmico, tem por essência protagonismo de medidas ousadas. Certeza de bom governo para São Paulo. Certeza.”

 Lauro Michels (PV), de Diadema, e Adler Kiko Teixeira (PSB), de Ribeirão Pires, defenderam a reeleição do governador Márcio França (PSB), algo que não se concretizou. Para eles, porém, rixas partidárias ficaram no pleito.

 “Espero que seja governo que trabalhe horizontalmente, que olhe para os municípios e que os municípios possam levar suas prioridades”, discorreu Lauro. “Tenho esperança e otimismo, torcendo para o melhor. Embora tivesse compromisso partidário com o Márcio, tive trajetória longa no PSDB e tenho amigos lá. . Torço para que o Doria faça bom trabalho e diferença no Estado. Tenho certeza que a visão dele não vai se ater as questões menores da política. Vai se preocupar em fazer boa administração. Estamos dispostos a colaborar dentro do possível.”

 Paulo Serra (PSDB), de Santo André, elogiou a equipe econômica de Doria – capitaneada pelo ex-ministro Henrique Meirelles (MDB) – e que, desse jeito, a cidade possa colher bons frutos. “Nós, por exemplo, conseguimos resultados na geração de empregos, desburocratizando e incentivando novos negócios. Santo André virou o ano de 2017 como a cidade que mais gerou emprego, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), na Região Metropolitana (de São Paulo). Deveremos repetir esses dados em 2018.” RR




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