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Setor alimentício do Grande ABC tem capacidade para crescer 50%

Estudo do Conjuscs mostra que exportações podem aumentar mediante políticas públicas

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
19/12/2018 | 07:06
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Pixabay


A indústria alimentícia do Grande ABC tem espaço para crescer pelo menos 50% nas exportações, porém isso depende de políticas públicas direcionadas ao setor. Na região, a produção de alimentos e derivados movimentou 2% do total das operações (US$ 64,3 milhões de US$ 5,4 bilhões) em 2017, ou seja, há capacidade para fermentar este montante.

Os dados são de estudo elaborado pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). A conclusão tem como base as exportações da indústria alimentícia brasileira que corresponderam a 3% do total das operações internacionais (US$ 6,5 bilhões de US$ 217 bilhões) no ano passado.

“Comparando com os dados nacionais, podemos crescer muito e também alcançar os 3%. Temos uma série de deficiências nas exportações e para solucionar isso deveriam existir políticas públicas para incentivar que as indústrias realizem a produção de materiais prontos para o consumo e que eles sejam objeto de desejo do comércio exterior”, afirmou o doutorando e professor de Administração Financeira na Universidade Estadual de Mato Grosso André Ximenes de Melo. O levantamento foi elaborado em conjunto com a também doutoranda Sonia Beato Ximenes de Melo.

Como exemplo, estão o doce de leite argentino e o chocolate da Suíça. “Seria necessário levantar quais os produtos que teriam uma grande aceitação. Nós temos vários alimentos que adoramos, mas que não temos iniciativa de oferecer fora do Brasil. Vemos campanhas em outros países, que o governo faz para incentivar o turismo, mas não falando da nossa culinária”, explicou o professor.

Para o coordenador do setor de alimentos do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Diadema, Omar Abu-Jamra Jr, a tendência é que a produção cresça na região, mas isso vai depender também da política do próximo governo. “Temos tecnologia suficiente para produzir mais. O mercado também é muito bom, já que o consumidor vem procurando cada vez mais produtos com maiores valores nutricionais, produzidos de forma natural e nós temos um grande potencial. Para isso, precisamos de que o próximo governo aprove as reformas tributárias e previdenciárias, por exemplo, para propiciar um ambiente mais aquecido para o consumo”, disse.

DETALHES
As preparações alimentícias foram os produtos mais exportados da região em 2017, movimentando cerca de US$ 21,1 milhões. Dentre os principais países parceiros, a Argentina aparece na liderança com US$ 11,9 milhões, seguida pelo Paraguai, que movimentou US$ 11,1 milhões (leia mais informações acima).

“Os países da América Latina têm uma série de relações comerciais com o Brasil, por conta da proximidade e também da questão cultural”, informou de Melo. Os dois países importaram principalmente preparações a base de cereais, farinhas e amidos.

Operações internacionais caíram 34,6% neste ano

De acordo com dados do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) levantados pelo Diário, a região teve queda de 34,6% entre janeiro e novembro deste ano, comparado com o mesmo período do ano passado, nas exportações do setor de alimentos. Os especialistas apontam que a crise na Argentina acabou afetando o montante, já que o país vizinho é o principal parceiro comercial do setor.

As exportações de produtos alimentícios, bebidas, produtos do reino vegetal, óleos e gorduras, movimentava US$ 59,48 milhões no ano passado. Já nos 11 primeiros meses deste ano, houve perda de aproximadamente US$ 20,58 milhões.

“A desvalorização da moeda na Argentina começou a impactar nos pedidos. Junto a isso, também somamos o custo Brasil, que ainda é muito alto. Tudo o que é feito aqui é taxado e com muita burocracia. Com esta combinação, vem sendo difícil para importar”, disse o coordenador do setor de alimentos do Ciesp Diadema, Omar Abu-Jamra Jr.

Para o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, se a Argentina conseguir superar os problemas financeiros no próximo ano, de fato o setor pode alavancar na região.

“O próprio Polo Petroquímico já mostra que há espaço para outras indústrias além da automobilística, que continua sendo a principal da região. Mas a indústria de alimentos tem um potencial muito grande para isso. Para o crescimento, há necessidade de uma atuação dos entes públicos municipais junto às universidades. Por exemplo, temos mão de obra qualificada que muitas vezes é exportada para São Paulo ou o Interior. Mas, junto ao setor público pode ser pensado um caminho para resolver isso, o que pode fortalecer ainda mais a indústria regional”, afirmou.  




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