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O mercado árabe de carnes e a região
André Ximenes de Melo
doutorando e integrante do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano)
07/12/2018 | 07:05
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É crescente a preocupação com relação ao bem-estar dos animais. Há hoje importantes discussões relacionadas ao manejo do pré-abate, transporte, atordoamento e abate de animais para consumo. Os métodos e as estratégias de produção e abate de animais no Brasil têm sido influenciados pela opinião dos consumidores externos. Nesse contexto, os métodos de produção têm buscado se adequar para atender a esse mercado. Em trabalho que apresentei no Observatório da USCS tratei do mercado árabe de carnes e dei destaque à certificadora que se encontra na região.

No Brasil, animais classificados como de açougue são abatidos de forma humanitária segundo a Instrução Normativa 3, de 17 de janeiro de 2000, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Isso garante o bem-estar do animal desde a recepção até operação de sangria por meio de diretrizes técnicas e científicas. A lei também permite abate seguindo métodos religiosos para atender a mercado de exportação específico.

A técnica de abate, conhecida como halal, determina que os animais sejam mortos de acordo com o ritual muçulmano (chamado de zabibah ou zabiha). Tal denominação é indicativo de que os alimentos estão adequados para o consumo de acordo com a lei muçulmana. O manuseio competente dos animais, o uso adequado dos dispositivos de contenção e o processo de sangramento eficiente após o abate halal mantêm a qualidade do consumo de carne.

A carne halal, autorizada pela lei muçulmana, exige que o abate ocorra sem insensibilização anterior à sangria, que constitui um dos princípios básicos do abate humanitário. Busca minimizar o sofrimento animal, visando morte rápida e higiênica, com processo de cuidados desde a chegada ao abatedouro até a duração e as condições de permanência em seus limites, insensibilização e sangria. Objetiva-se reduzir a excitação que provoca lesões e a percepção por parte dos animais de que em breve eles serão mortos. Existem cerca de 2 bilhões de consumidores halal no mundo, número que deve chegar a 2,7 bilhões até 2030. Ao todo, são 60 países muçulmanos.

A CDIAL Halal é a maior certificadora em carnes (bovina e aves) do mundo e uma das mais importantes do Brasil. Ela utiliza sistema de etiqueta personalizada e autoadesiva, desenvolvida de acordo com os mais modernos modelos internacionais de certificação. A região contribui com a certificação dessas exportações e já abriga a CDIAL, certificadora em carnes, em São Bernardo. O Brasil é considerado o maior produtor e exportador mundial de carne bovina, maior exportador de frangos e líder nas vendas de carne halal. O País exporta para 22 países muçulmanos, algo próximo a US$ 14 bilhões, número que poderia ser maior, se tivesse políticas de direcionamento. Hoje, a produção brasileira é pequena, levando-se em conta o tamanho do mercado halal. Há expectativa de que até 2020 as exportações cresçam, com o mercado Indonésio, que tem potencial de US$ 80 milhões ao ano. O gasto muçulmano com a economia halal atingiu US$ 2,1 trilhões em 2016, representando 11,9% das despesas globais. Segundo a CDIAL Halal, existem atualmente no Brasil 15 frigoríficos habilitados a exportar.

Cerca de 35% da carne segue para o mercado árabe-muçulmano. A demanda se intensificou a partir da crise internacional, iniciada em 2008, quando houve escassez de alimentos e valorização do petróleo. O potencial é grande. No mercado árabe é fundamental credibilidade entre as empresas e entre os governos. Sem isso não se pode gerar negócios confiáveis 




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