Economia Titulo Mercado automotivo
Vendas de veículos caem em novembro

Mercado teve retração de 9,34% em relação a outubro no País e 22,53% no Grande ABC

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
04/12/2018 | 07:15
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Denis Maciel/DGABC


Apesar de demonstrar recuperação no acumulado de 2018 em relação ao ano passado, o mercado de venda de veículos desacelerou em novembro. De acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), divulgados ontem, o número de veículos comercializados no País durante o último mês foi de 230.938 unidades, montante 9,34% menor do que em outubro (254.725). No Grande ABC, a retração foi ainda maior, representando queda de 22,53% no período, sendo comercializadas 4.065 unidades durante o último mês. Especialistas apontam que ainda há reflexos do período eleitoral nesta redução, além de outros fatores, como o desemprego.

Em outubro, foram 5.247 emplacamentos (integram os dados automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) nas sete cidades, ou seja, 1.185 a mais do que no mês passado. Todos os municípios tiveram redução nas vendas (mais informações na arte acima), sendo que, na região, caiu de uma média de 169 unidades comercializadas por dia para 135.

O coordenador de MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva da FGV (Fundação Getulio Vargas), Antonio Jorge Martins, destaca que, mesmo após a definição do pleito eleitoral, o grau de incerteza do consumidor ainda permanece.

“Anteriormente, a grande incerteza era quanto ao ganhador das eleições presidenciais. Após a definição, o grau de incerteza até pode ser reduzido, mas ele ainda depende do que será decidido nestes primeiros passos deste governo. A tendência é que na medida em que isso fique mais claro, este processo seja reduzido e o volume de vendas aumente. Mas isso só tende a se reduzir no ano que vem”, afirmou.

O coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, também acredita na interferência do cenário político em relação aos números. “Existe muita esperança, mas expectativa também. Enquanto o governo não tomar posse, e questões como a própria composição no Congresso Nacional não forem estabelecidas, a definição da agenda econômica, e de fato qual rumo será tomado forem definidos, os números tendem a seguir desta forma. Acredito que a virada decisiva deva acontecer após o primeiro semestre de 2019, quando o governo Bolsonaro vai estar desenhado”, analisou.

Além disso, os especialistas citam outras razões para a desaceleração. De acordo com Martins, o nível de desemprego ainda impossibilita que os números no mercado automotivo voltem a patamares melhores.

“Em média, 65% das vendas de automóveis eram por meio de financiamentos, o que atualmente reduziu para 50%. Isso porque ainda há massa de pessoas no subemprego ou desempregadas, sem condições de contratar empréstimos. Na região, há indústrias automotivas voltadas a este mercado de vendas diretas, que também podem ter sido afetadas por esta tendência”, disse.

“O custo de financiamento ainda é muito alto. Somado ao nível de recessão e às taxas de juros, concluímos que o mercado automobilístico ainda deve demorar para retomar o aquecimento de 2007 e 2008. Também há mudanças nos próprios costumes da sociedade, já que muitas pessoas não procuram mais serem proprietárias para utilizar o serviço. Atualmente temos alternativas, como os aplicativos de transporte, o que deu mais independência para as pessoas”, afirmou Balistiero.

ACUMULADO DO ANO
Considerando os dados de janeiro a novembro, houve crescimento de 11,05% nos carros emplacados em todo o País, que somam 2,3 milhões de unidades. A maior alta foi do segmento de caminhões, que registrou 49,96% a mais nas comercializações do que no ano passado (mais informações acima). Nas sete cidades fora 43.341 unidades vendidas neste ano. 




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