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Pedal Anchieta causa receio em relação a trânsito no acesso ao Riacho Grande

Subprefeito do distrito prevê possibilidade de sobrecarga na pista marginal durante evento ciclístico

Dérek Bittencourt
João Victor Romoli
30/11/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


O Pedal Anchieta 2018, que reunirá mais de 30 mil ciclistas no domingo pela manhã na rodovia que liga o planalto à Baixada Santista, gera receio sobre os impactos que pode causar ao trânsito na região do Riacho Grande. O evento ocasionará bloqueio da pista central e o fluxo de veículos estará todo concentrado na via marginal. Com apenas duas faixas à disposição daqueles que pretendem acessar o distrito são-bernardense ou seguir para outras rotas, como a Estrada Velha e a Rodovia Índio Tibiriçá, a preocupação – tendo como exemplo grandes festivais realizados anteriormente, como shows – é com longas filas de automóveis.

“Se for domingo de sol, como vai estar impedido trajeto pela pista central, a marginal direita vai ficar sobrecarregada e vai causar transtorno. Então, neste fator tempo, se tivermos domingo ensolarado, vamos ter com certeza muitos problemas”, indicou o subprefeito do Riacho Grande, Ivar José de Souza. “O aumento no fluxo de veículos vai ser muito grande não só do público normal, mas dos curiosos que vão acompanhar o passeio pela pista marginal”, complementou.

Segundo o subprefeito, em um domingo com boas condições climáticas, a região – que contempla o Parque Estoril, a Prainha, clubes e outros – chega a receber entre 10 mil e 12 mil pessoas.

OFÍCIO

Diferentemente do divulgado pelos organizadores, a Prefeitura de São Bernardo informou, por nota, que recebeu ofício sobre o evento, “mas que não participou de sua organização e não tem ciência de toda a estrutura do mesmo”. Por outro lado, o Pedal Anchieta 2018 publicou documento assinado pelo chefe do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), Milton Magalhães Costa, no qual consta pedido de autorização para realização, citando apoio da Ecovias e da Polícia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo.

Evento de 2017 foi proibido e acabou em confusão com PM

Em 10 de dezembro de 2017, o juiz Celso Lourenço Morgado, da Comarca de São Bernardo, proibiu a realização do evento, denominado à época como Tradicional Descida a Santos – que começou em 2008. Ainda assim, cerca de 3.000 ciclistas seguiram os planos e o desfecho da história – segundo relatos, fotos e vídeos dos participantes publicados em sites e nas redes sociais – foi uma ação da Polícia Militar, que contou, inclusive, com a Tropa de Choque, com direito ao uso de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Após os acontecimentos, órgãos competentes afirmaram que os organizadores não fizeram consultas prévias para a realização do evento, diferentemente do que vem sendo feito para a edição de 2018.

Em maio deste ano, o governador Márcio França (PSB) confirmou que a travessia de São Paulo à Baixada Santista seria realizada neste ano – e, daqui em diante, anualmente no primeiro domingo de dezembro – com apoio de entidades estaduais e fechamento parcial da Anchieta para as bicicletas.

Tal discurso foi feito durante cerimônia de assinatura da Lei 16.748/2018, que instituiu a rota de cicloturismo Márcia Prado e a liberação de R$ 5 milhões para a criação do roteiro turístico, que vai ligar São Paulo a Santos, passando ainda por São Bernardo e Cubatão, e cruzará o Parque Estadual da Serra do Mar por meio da Estrada de Manutenção.

Márcia Prado morreu em 2009 atropelada por um ônibus na Avenida Paulista e virou símbolo dos ciclistas na luta por direitos.

Organização garante estrutura para atender inscritos no passeio

A organização do Pedal Anchieta segue mobilizada para o evento e confirmou ontem a disponibilização de diversos recursos para os participantes durante o percurso, que vai do km 10, na cidade de São Paulo, até o km 65, em Santos. Em São Bernardo, a entrada será no km 22.

O principal auxílio à disposição serão dez ambulâncias, sendo quatro mobilizadas em pontos específicos do evento – as outras seis estarão acompanhando os ciclistas por todo o trajeto. Elas ficarão de prontidão nos km 10, km 29, km 40 e km 54. Nesses lugares, aliás, os participantes poderão utilizar postos de atendimento, hidratação, banheiros químicos e apoio mecânico, caso constatem problemas na bicicleta. Os bloqueios na Via Anchieta serão iniciados por volta da 0h de domingo e serão liberados gradativamente conforme a passagem dos ciclistas. No trecho inicial da Via Anchieta, a entrada será permitida até as 8h30. A partir das 13h, toda a rodovia estará liberada para veículos.

“Pensamos em tudo, os participantes terão tudo o que for necessário para fazer o percurso. A quantidade de água será suficiente e a organização está feita. Temos o apoio das prefeituras, que entraram com pedidos para as ambulâncias nas cidades, e da Polícia Militar, que vai fazer a proteção por toda o percurso, principalmente nas imediações das favelas”, disse Eduardo Feliciano Gomez, um dos participantes do Ciclo Comitê Paulista, organizador do Pedal Anchieta.<EM>

A Polícia Rodoviária, aliás, garantiu proteção aos ciclistas nos trechos em que existirem pontes. Serão colocados cones para evitar que a aproximação das beiradas. A volta do trajeto, porém, não poderá ser de bicicleta, já que tanto a organização quanto a polícia alertam para o grande fluxo de pessoas.

“Não orientamos as pessoas a tentar voltar de bicicleta. Pode ser perigoso porque terá fluxo muito grande, já que praticamente 30 mil participantes irão retornar. Oriento que voltem de ônibus ou de carro mesmo. Mas é bem mais fácil e seguro tentar comprar a passagem de ônibus”, disse Eduardo Gomez.

A organização ainda alertou para o uso de itens de segurança, como capacete, luvas, óculos de proteção e garrafas para líquidos, além de equipamentos obrigatórios da bicicleta (campainha, sinalizações dianteira, traseira e espelho retrovisor do lado esquerdo). Para o evento ainda é proibida a participação de menores de 16 anos que não estiverem acompanhados por responsável legal. Já ciclistas de 16 e 17 anos poderão fazer sozinhos, desde que carreguem autorização por escrito dos responsáveis.

Santos e Cubatão preparam recepção a ciclistas, inclusive com massagistas

As cidades de Santos e Cubatão estão preparando festa para o Pedal Anchieta. Enquanto a segunda é parceira do Ciclo Comitê Paulista, organizador do passeio, e vai disponibilizar massagistas durante o trajeto, a primeira, que será o ponto de chegada, realizará apresentação musical para receber os ciclistas.

Mesmo chegando no trecho urbano de Santos, que é o final, os participantes serão orientados a seguir até o Largo Marquês de Monte Alegre, no Valongo, onde será o receptivo. Estarão mobilizados agentes da CET, veículos do Samu, Guarda Municipal e da Polícia Militar. Os visitantes terão à disposição água, apresentações musicais e banheiros químicos.

Já a prefeitura de Cubatão fez questão de dizer, em nota, que apoia o evento e é uma das parceiras do Ciclo Comitê Paulista. “Por meio da Secretaria Municipal de Turismo, apresentamos rota alternativa que passa pelo Centro da cidade e que é opcional aos cerca de 30 mil ciclistas que deverão descer a Serra do Mar”, disse.

A prefeitura de Cubatão participa do evento com posto avançado, próximo à balança, de atendimento médico aos ciclistas, com áreas de descanso, de hidratação e banheiros químicos. A cidade ainda vai disponibilizar massagistas e servidores para auxiliar na segurança no trecho de 14 quilômetros de descida da Serra.

“Ao contrário de existir algum temor no Pedal Anchieta, a prefeitura de Cubatão tem expectativa positiva sobre o evento, que deverá ser repetido anualmente no primeiro domingo de dezembro”, completou a administração municipal. 




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