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Forças de segurança indonésias mostram passividade em Bornéu
Das Agências
01/03/2001 | 10:42
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As forças de segurança indonésias mostraram uma grande passividade diante dos massacres realizados em Bornéu, que alguns analistas consideram voluntária e outros, simplesmente o fruto de sua incompetência. A incapacidade das forças de segurança para impedir a violência étnica é voluntária e tem o objetivo de fragilizar o poder central para incentivá-lo a recorrer ao Exército, em outra época todo-poderoso na Indonésia, consideram alguns observadores.

No entanto, para outros, a passividade é simplesmente o resultado da incompetência e a falta de profissionalismo das forças indonésias. Mais de 400 pessoas, em sua grande maioria imigrantes originários da ilha de Madura perseguidos pelos dayaks - tribos originárias de Bornéu -, foram assassinadas. Muitas foram decapitadas.

Os assaltantes saquearam e incendiaram as casas de suas vítimas. 'Os militares sabem que se tentarem deter os dayaks podem ser assassinados, porque os dayaks estão em todas as partes', explicou um deles em Palagkaraya, onde dezenas de caminhões cheios de dayaks armados com lanças desfilavam sem parar diante do olhar indiferente das forças de segurança. 'É muito difícil para a polícia ou o Exército dispersar a multidão e deter os saques porque não são suficientemente numerosos', assegura Zainuddin, natural de Java, que chegou a Bornéu em 1962.

'Eles também temem por sua própria segurança', acrescentou, recusando a idéia de cumplicidade por parte do Exército. 'Pelo que sei, as forças de segurança não chegaram a nenhum acordo com os dayaks para que eles parem de destruir as casas', declarou. Por sua parte, Ayan, 43 anos, professor dayak, acha que a polícia e o Exército podem temer uma acusação de violação dos direitos humanos, como já aconteceu em 1999 em Timor Oriental, ex-colônia portuguesa sacudida pela violência das milícias antiindependentistas após um referendo de autodeterminação, com a cumplicidade ativa dos militares.

A Comissão Oficial indonésia de Direitos Humanos também acha que as Forças Armadas são culpadas, sobretudo, de falta de profissionalismo. Os militares 'dizem que não têm pessoal e material suficiente, mas na minha opinião o que falta a eles é, simplesmente, profissionalismo', afirmou secretário-geral da Comissão, Asmara Nababan. Porém, o advogado de defesa dos Direitos Humanos, Johnson Panjaitan, que recolheu toneladas de documentos sobre os casos de abusos e violações dos Direitos Humanos pelas Forças Armadas, não acredita nesta explicação.

Pelo contrário, ele acha que esta passividade está longe de ser inocente, e que é, inclusive, intencional. 'Permitindo que se alcancem níveis de limpeza étnica mais flagrantes (os militares) se convertem dispensáveis', explica. 'O objetivo deles é se manter no poder', assegura.




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