A informação publicada por este Diário na edição de hoje de que o governo do Estado de São Paulo – gerido pelo governador Márcio França (PSB) – reservou apenas R$ 40 no Orçamento de 2019 à construção da Linha 18-Bronze do Metrô pode ser considerado um acinte ou até mesmo falta de consideração com os cerca de 2,7 milhões de moradores das sete cidades.

Há quatro anos apenas no papel, o modal seria importante opção de ligação entre a Capital e o Grande ABC, com percurso entre o Tamanduateí e Djalma Dutra, em São Bernardo, passando por São Caetano e Santo André. Seriam 13 estações no trajeto, distribuídas por 15 quilômetros de trilhos, com construção orçada em R$ 4,26 bi.

A postura do Palácio dos Bandeirantes, porém, deixa claro que o assunto não é prioridade, tendo em vista que a verba destinada ao projeto tem sofrido reduções nos últimos anos. Foram reservados R$ 20,8 milhões no Orçamento de 2017 e apenas R$ 1 milhão em 2018, para bancar os custos judiciais com desapropriações.

Após a proibição pela Comissão de Financiamento Externo de obtenção de linha de crédito na ordem de US$ 182,7 milhões junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que custearia essas intervenções, o governador Márcio França chegou a sugerir, durante entrevista ao Diário, em julho, a criação de imposto para bancar as obras, o que ele chamou de “contribuição de melhoria”.

Diante da miséria reservada pelo governo ao projeto, sob a justificativa de que os “primeiros recursos serão advindos de financiamento externo”, fica a indagação: a construção da Linha 18-Bronze não passou de promessa do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do atual nas respectivas campanhas à Presidência e à reeleição?

Enquanto isso, Márcio França poderia utilizar os R$ 40 destinados à obra para bancar algumas viagens entre a região e a Capital para conhecer a realidade das pessoas que precisam se deslocar diariamente nos trechos para compromissos. Se o fizesse, com certeza os recursos ao projeto não seriam assim tão limitados.