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Superendividado do Grande ABC é jovem

Estudo da USCS mostra que consumidor que está no vermelho tem entre 25 e 34 anos

Yara Ferraz
Do diário do Grande ABC
18/11/2018 | 08:55
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Pixabay


Estudo realizado pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) mostra que a maioria dos ‘superendividados’ do Grande ABC é mulher, está na faixa etária entre 25 e 34 anos, possui Ensino Superior completo e é casada. Entre os motivos para a situação desta população estão desde o descontrole financeiro, até redução de renda ou desemprego, frutos da crise econômica.

O levantamento foi feito com base nos dados do PAS (Programa de Apoio ao Superendividado), convênio entre a Fundação Procon-SP e o Tribunal de Justiça do Estado. Foram considerados 8.595 perfis para a amostragem e mapeados os que os locais de domicílio se encontram na região. Para participar do PAS, é necessário que o consumidor preencha um cadastro.

“A pessoa precisa declarar que está endividada e expor os motivos que a fizeram chegar nesta situação. Poucos têm esta capacidade. Há dificuldade de expor isso dentro do próprio núcleo familiar, por isso temos percentual pequeno”, afirmou o professor Vinícius Silva, responsável pelo estudo.

É caracterizado como ‘superendividado’ quem não consegue pagar suas dívidas atuais e futuras relacionadas ao consumo em tempo razoável com a capacidade atual de renda e patrimônio. Na região, a maioria (70% do total) tem entre 25 e 54 anos.

“Os problemas financeiros estão se iniciando cada vez mais cedo. Isso porque as pessoas trabalham e começam a ter conhecimento de linha de crédito antes e, muitas vezes, não conseguem lidar com o crédito. Com isso, começam a extrapolar o que recebem todo mês”, contou Silva.

São 56,4% de mulheres cadastradas. A maioria dos consumidores que procurou o PAS possui nível superior completo (41%), seguido por 34% que afirma ter Ensino Médio, somando assim a maioria. “Apesar do alto nível de escolaridade, os dados demonstram que a pessoas têm dificuldades de lidar com os instrumentos de crédito disponíveis”, explicou Silva.

O estudo também chega a conclusão de que a situação de endividamento é ‘democrática’ e acaba atingindo todas as classes sociais, faixas etárias e níveis de escolaridade. “São endividamentos diferentes que, em menor ou maior proporção, atingem praticamente toda a sociedade”, declarou o professor.

MOTIVOS

O descontrole financeiro corresponde a 38,2% dos motivos alegados para as dívidas dos moradores da região. De acordo com os dados de setembro deste ano, o segundo motivo mais citado é o desemprego, com 19,7%. Redução de renda aparece com 11,8% (mais informações na arte acima).

“Ainda temos um rescaldo da crise, que se demonstra no desemprego e na redução de renda. Mas na maioria das vezes, as pessoas gastam até o limite e têm dificuldades de sair desta situação”, afirmou o professor responsável. “Outra questão é a doença pessoal ou familiar (corresponde a 13,2% do total), que aparece como quarto motivo mais citado. A pessoa alega que precisa se tratar e de medicamentos, tudo isso faz com que fique mais sensível e preocupada”, completou.

Neste fim de ano, a dica de especialistas é que os trabalhadores que recebam o 13º salário utilizem o montante para quitar as dívidas. “O Brasil é movido a crédito e, muitas vezes, o consumidor compra por impulso, optando pelo prazo e não consegue fazer o pagamento. Agora é o momento de não comprometer a renda futura e tomar cuidado. Mesmo que o Natal seja época de compras é importante lembrar que em janeiro há IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e mensalidade de escolas”, disse o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.

875.410 moradores estão com nomes sujos

Na região, 875.410 pessoas, ou seja, aproximadamente um terço da população das sete cidades (32,42% de cerca de 2,7 milhões de habitantes) está com o nome sujo. O número representa três a cada 10 moradores do Grande ABC.

A cidade com o maior número de devedores é São Bernardo (269.288), seguido por Santo André, com 219.451, e Diadema, com 149,944 negativados (mais informações na arte ao lado). Os dados foram levantados pelo SerasaConsumidor, a pedido do Diário.

O nome do devedor é incluído na base de dados do Serasa pelo próprio comércio credor após o vencimento da dívida sem pagamento. Segundo o gerente da entidade, Lucas Lopes, a situação atual ainda tem rescaldos da crise econômica.

“Neste ano, o emprego não se recuperou como era esperado. Muitas pessoas assumem compromissos financeiros, fazem parcelamentos e, no fim, não conseguem honrar com os pagamentos. Tanto que atualmente, as principais dívidas são relacionadas a bancos e aos cartões de crédito”, afirmou.

Para quem está com o nome negativo, o Serasa realiza feirão online até 1º de dezembro, com possibilidade de renegociação da dívida e parcelamento. Os descontos podem chegar até 90% do valor total, dependendo da empresa credora.

Segundo Lopes, o feirão é realizado pela internet por conta da facilidade em atingir mais consumidores do que quando os mesmos são realizados presencialmente. “É importante porque pessoas do Brasil inteiro conseguem acessar a plataforma”, disse.

O endereço para realizar as negociações é www.feiraolimpanome.com.br. É necessário fazer um cadastro do CPF, para verificar se há dívidas em atraso. Caso tenha alguma pendência, o usuário verá as ofertas que pode fazer renegociação e terá acesso para impressão de boleto bancário.

Com o cadastro criado, o consumidor consegue acompanhar o andamento de cada acordo realizado. Entre as empresas participantes estão as instituições financeiras Santander e Itaú, as operadoras de telefone e outros serviços de assinatura, como a Vivo e a Net, entre outras.

É importante lembrar que a restrição sai do CPF em um prazo de até cinco dias úteis após o pagamento.  




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