Setecidades Titulo Saúde pública
Mortes causadas por infecção generalizada têm alta de 20%

Casos, frequentes em ambiente hospitalar, fizeram 928 vítimas na região desde janeiro

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
10/11/2018 | 16:41
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 O número de óbitos hospitalares causados por septicemia (infecção generalizada, que evolui de um foco específico de contaminação) aumentou 20% no Grande ABC, na comparação entre as mortes ocorridas de janeiro a agosto deste ano com o mesmo período do ano passado. Os números são do DataSus, banco de dados do Ministério da Saúde, e mostram que houve 928 casos em 2018 contra 775 em 2017.

Levantamento realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do Ilas (Instituto Latino-Americano de Sepse) apontou que em 2017 morreram mais pessoas vítimas de septicemia do que de infarto na região. Foram 1.178 casos de infecção generalizada e 195 de ataques cardíacos no SUS (Sistema Único de Saúde). A mortalidade proveniente da doença chega a 55% nos pacientes levados à UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e pelo menos 30% da ocupação dos leitos da zona de cuidados máximos são por pessoas com quadro grave de sepse.

O professor de Fisiopatologia do curso de Medicina da Uninove, Luiz Marcelo Pierro, destaca que 60% dos casos de septicemia ocorrem em ambiente hospitalar, e que o Ministério da Saúde já alertou que a baixa procura por vacinas pode ser um dos agravantes dos casos. “A não vacinação é um dado importante e pode explicar, ao menos em parte, esse aumento”, comenta. O docente relatou que o uso indiscriminado de antibióticos também influencia no aumento dos casos da doença. “Hoje em dia a venda é mais controlada, mas especialmente em hospitais públicos, onde o tipo de antibióticos disponíveis é mais restrito, não raro lidamos com pacientes que não respondem adequadamente aos medicamentos, por já terem alguma resistência.”

O médico da Clínica Nobre Saúde e do Hospital Christóvão da Gama Richard Rosenblat avalia que o aumento está mais associado à melhor notificação dos casos do que ao incremento no número de infecções desta natureza. “Pelo que conheço dos hospitais da região, falo com tranquilidade que as equipes estão cada vez mais preparadas para identificar os casos desde aos primeiros sinais”, avalia.

O especialista destaca que o diagnóstico é feito por exames físicos e laboratoriais, e as medidas adotadas são no sentido de reverter o quadro, com uso de antibióticos. “O quadro é mais comum em idosos, com o avanço da idade, prolongamento da vida e aparecimento de doenças crônicas”, detalha o médico.

Três cidades citam medidas de prevenção

A Prefeitura de Santo André destacou que nem todos os casos de septicemia são de origem hospitalar e que as infecções também podem ser oriundas dos pacientes. A administração explicou que, desde 2011, os hospitais contam com o projeto Mãos Limpas, que orienta a higienização das mãos não só pelos profissionais da Saúde como pelos visitantes, por meio do álcool gel ou lavagem com água e sabão. “Hoje, todos os quartos do centro hospitalar possuem dispositivo de álcool para higienização de mãos.”

São Bernardo aplica nos hospitais e nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) o “Protocolo de Prevenção de Sepse e Choque Séptico” do Ilas (Instituto Latino Americano de Sepse). Treinamentos são realizados, com toda a equipe dos equipamentos de Saúde, a fim de reduzir os índices e proporcionar ambiente hospitalar seguro, com adoção de medidas que visam preservar a vida dos doentes. “Porém, as condições clínicas que os pacientes dão entrada nas unidades de Saúde podem interferir no sucesso do tratamento.”

Ribeirão Pires informou que são realizadas de forma permanente capacitações das equipes de enfermagem sobre esterilização e desinfecção.

As outras prefeituras não responderam até o fechamento desta edição.




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