Ao atribuir parte da responsabilidade sobre os problemas financeiros de Mauá à Câmara, o vereador Samuel Enfermeiro (PSB) formalizou ofício ontem na diretoria do Legislativo em que se compromete a abdicar do salário de R$ 12.025, carro oficial e celular corporativo até o fim do mandato, em 2020. O documento aguarda apreciação do presidente da Casa, Admir Jacomussi (PRP).

O departamento jurídico da Casa irá analisar a viabilidade da situação. “Comecei a pensar nessa ideia (de abdicar do subsídio) desde quando a (então) prefeita Alaíde Damo (MDB) decretou calamidade financeira na cidade. Acredito também que a Câmara tem culpa nisso, já que os vereadores foram omissos em fiscalizar a Prefeitura”, alegou Samuel.

Alaíde decretou estado de calamidade em julho, com dois meses no comando do Executivo, após a prisão do prefeito Atila Jacomussi (PSB) em âmbito da Operação Prato Feito. A alegação, à época, era de desequilíbrio nas contas.

Na terça-feira, durante a sessão, o parlamentar subiu à tribuna e prometeu “devolver o dinheiro ao município” com o objetivo de ajudar a situação da cidade. “Ainda não sei como fazer para devolver esse recurso, mas não quero mais receber o dinheiro de vereador”, argumentou o socialista.

Até o fim de 2020, quando encerra a atual legislatura, Samuel teria que receber mais 13 salários, o que somaria R$ 156,3 mil. Alguns funcionários da Câmara tentaram demovê-lo da ideia, antes do protocolo do documento. O episódio não é bem-visto internamente pelos demais pares.

Enfermeiro de profissão, Samuel fala em continuar atuação como vereador, porém cita voltar a trabalhar em hospitais. “Vou tirar meu sustento da minha profissão. Estou colocando meu currículo no mercado para conseguir emprego. Mas, pelo que sei, eu teria que atuar na rede privada, já que por ser vereador não poderia atuar na rede pública.”

DOAÇÃO
Governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB) abdicou de seus vencimentos quando foi prefeito da Capital. O tucano doava o salário de R$ 24,1 mil a entidades beneficentes do município. Na condição de governador do Estado, o tucano receberá R$ 22,3 mil e já anunciou que repetirá a medida.