A substituição dos elementos anatômicos do corpo humano por plantas e frutos é a característica presente nas obras do andreense Flávio Grão, que estarão expostas na Pinacoteca de São Bernardo (Rua Kara, 105) a partir de sexta, às 19h30, quando será realizada a abertura da mostra FitoPersonas. São cerca de 60 criações, entre pinturas a óleo, desenhos com nanquim e látex sobre papel e esculturas. A visitação, gratuita, pode ser feita de terça a sábado, das 10h às 18h, até 31 de dezembro.

No trabalho, em que partes do corpo humano são preenchidas pelos elementos do reino vegetal, o artista plástico busca despertar sentimentos de familiaridade e, ao mesmo tempo, estranhamento em quem observa. É que os personagens ilustrados nas pinturas e desenhos, apesar de terem rostos desfigurados, são capazes, pelo modo como as imagens são elaboradas e por suas poses e vestimentas, de criar certo vínculo com o público.

Para alcançar esse resultado, Grão produziu as pinturas a partir de repertório do imaginário coletivo a respeito das formas do corpo, roupas, representação social e gestos de interação humana. Além disso, as obras também são inspiradas na forma como os pintores Jean-Baptiste Debret (1768-1848) e Johann Moritz Rugendas (1802-1858) representavam a nação, flora e fauna do Brasil.

Ainda de modo a despertar sentimento de proximidade, o artista se baseou – para criar alguns quadros – em retratos de época, geralmente fixados na parede de muitos avós. “Meu objetivo enquanto artista plástico sempre foi o de trazer reflexões a respeito da existência individual e coletiva”, comenta Grão. “Tento, por meio das obras, situar o observador entre algumas ambiguidades, porque acredito que dessa forma abre-se caminho de linguagem diferente do pensamento dicotômico que normalmente temos”, encerra.