“O tempo não apaga o que nos arde na alma.” É assim que o compositor Antonio Pecci Filho, o Toquinho, resume os mais de 50 anos trilhados no samba e na música popular brasileira, uma trajetória que marcou a história com canções e que promete ainda ter um longo caminho pela frente. O paulistano marcou o início da carreira com o lançamento do álbum O Violão de Toquinho, em 1966. Foi em comemoração à data que, em março de 2016, o cantor gravou show especial comemorativo no palco do Teatro WTC, em São Paulo. No entanto, o DVD e álbum – ambos intitulados Toquinho 50 – acabam de ganhar lançamento nas plataformas digitais e fisicamente (Deck, R$ 40 e R$ 25, respectivamente).

A produção faz coletânea de diferentes épocas musicais do compositor, levando no repertório faixas clássicas como A Casa, Quem Viver, Verá e Carolina Carol Bela. “São canções que permeiam minha carreira de forma mais intensa, alcançando dimensão especial, tanto pela criação quanto pelo gosto do público”, conta o cantor em entrevista ao Diário.

Integrando as canções elencadas, não poderia faltar Aquarela, a qual hoje faz parte do imaginário brasileiro e atravessa gerações. “É uma canção intrigante. Há nela um senso de humor que fascina fazendo com que a dimensão da melodia aumente. Já pressentia que era o caso daquelas canções que ficam maiores que o próprio autor”, explica.

Ele acrescenta que é uma música de aspecto emocional forte, de maneira envolvente ao ouvinte. “É uma letra mágica: desperta a criança que carregamos dentro de nós, reforça o romantismo da amizade, aviva as delícias de se ganhar o mundo com a rapidez moderna, e, por fim, nos alerta para o enigma do futuro, que guarda em seu bojo a implacável ação do tempo, fazendo tudo perder a cor, o viço, a força”.

A obra comemorativa de Toquinho ainda conta com participações especiais de artistas que fizeram parte das cinco décadas de carreira do compositor, como Anna Setton, Verônica Ferriani, Mutinho, Paulo Ricardo e Tiê. “São parceiros que acompanham minha trajetória, valorizando minhas composições e minhas apresentações em shows”, explica o cantor.

Com uma obra tão extensa quanto à de Toquinho, o olhar e a experiência do passado constroem um caminho concreto ao futuro. “Perdura a sensação de uma constante renovação e de um contínuo aprimoramento. Essa longa trajetória só pode ser alcançada com muita dedicação. Eu me considero um artesão, sempre apoiado no violão, que representa o início e o desenvolvimento de tudo. E a música será sempre uma chama a aquecer minha dedicação ao instrumento”, comenta ele, que até hoje busca por novos acordes e harmonias para valorizar as composições. “A vida se incumbiu de mostrar-me valores e caminhos que eu soube aproveitar usando meu talento maior: o de instrumentista. Portanto, há uma comemoração a cada acorde novo, a cada subida nos palcos, a cada disco gravado, a cada aplauso do público, que se renova por muitas gerações.”