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Presidente da Petrobras defende venda de açoes na CAE
Do Diário do Grande ABC
10/05/2000 | 17:02
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O presidente da Petrobras, Henri Phillipe Reichstul, defendeu terça-feira a decisao do Tesouro de vender 31,7% das açoes ordinárias da empresa, neste momento em que os papéis estao valorizados. "Em 31 de dezembro de 1998, a Petrobras valia R$ 12 bilhoes nas bolsas e hoje vale R$ 45 bilhoes", afirmou Reichstul. Essa valorizaçao, segundo avaliou, decorreu, principalmente, da transparência dada às contas da empresa e a seu novo planejamento estratégico. Ele disse que, antes da valorizaçao dos papéis, por diversas vezes recomendou ao Tesouro que nao vendesse as açoes.

Reichstul fez essas declaraçoes terça-feira, durante reuniao da Comissao de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, onde foi debatido o projeto do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) que proíbe a venda das açoes.

Atualmente o capital da Petrobras é formado por 63,40 bilhoes de açoes ordinárias e por 45,20 bilhoes de preferenciais. O Tesouro possui 51,80 bilhoes de ordinárias (81 7%) e 4,10 bilhoes de preferenciais (9,2%).

Após a venda, que deverá arrecadar cerca de R$ 8 bilhoes, a participaçao do Tesouro cairá para 31,70 bilhoes de ordinárias (51% mais uma açao), ficando sem nenhuma preferencial.

O projeto de lei que proíbe a venda das açoes deverá ser votado pela CAE na próxima terça-feira, segundo o autor da proposta. Ele disse que a data lhe foi comunicada pelo presidente da comissao, senador Ney Suassuna (PMDB-PB). Essa decisao confronta-se com a intençao dos líderes governistas de adiar a votaçao.

Reichstul disse que a empresa deverá fazer investimentos de US$ 33 bilhoes até 2005, dos quais cerca de US$ 6 bilhoes ainda em 2000. Este valor abrange investimentos indiretos que nao estao incluídos no balanço da empresa. Parte desses investimentos, segundo informou, está sendo feita em operaçoes de integraçao energética na América do Sul, em parceria com empresas congêneres da regiao.

Com a revisao do seu planejamento, concluída em outubro do ano passado, a Petrobras caminhará para ser uma empresa de energia, e nao mais de petróleo, explicou Reichstul. A estatal terá atuaçao principal na América do Sul e vai explorar nichos em águas profundas, principalmente na Nigéria, em Angola e no Golfo do México.

Segundo Reichstul, nao é do interesse da Petrobras tornar-se uma empresa globalizada, mas apenas uma empresa transnacional com atuaçao onde ela encontrar vantagens competitivas, na condiçao de líder mundial em tecnologia de exploraçao de petróleo em águas profundas. Já a ênfase na América do Sul se justifica, segundo ele, pelo fato de ela já ter uma marca consolidada na regiao.

O terceiro vetor de sustentaçao do crescimento da Petrobras, segundo informou, é a integraçao das atividades de produçao, refino, transporte e distribuiçao de petróleo e derivados. Segundo Reichstul, as empresas vencedoras neste mercado sao integradas. Ganham no refino e na distribuiçao, quando o preço do petróleo está baixo e na produçao, quando o preço está alto.

Reichstul garantiu que a reduçao da participaçao acionária do Tesouro na empresa nao impedirá a Petrobras de captar recursos com aumento de capital. Ele reconheceu, no entanto, que as futuras emissoes só poderao ser de açoes preferenciais, a nao ser que o Tesouro venha também a fazer aportes ou reinvista seus dividendos na empresa.

Após a audiência de Reichstul, o diretor financeiro da Petrobras, Ronie Vaz, explicou que a corporaçao nao necessita fazer aumento de capital para financiar investimentos pelo menos até 2005. "Nos próximos cinco anos nao há necessidade, pois o 'funding' já está resolvido", comentou.




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