Mais um caso de venda de produtos com a data de validade vencida chegou ao conhecimento da polícia, nesta terça-feira, no Grande ABC. O biscoito wafer vencido estava exposto nas gôndolas da Cooperativa de Consumo dos Servidores Públicos de São Bernardo, na rua dos Vianas, no Centro. A denúncia foi feita pelo taxista Anderson Pereira Lopes, 27 anos, e comprovada pela reportagem do Diário em visita ao supermercado nesta terça-feira à tarde. Depois de consumir o biscoito de chocolate comprado na loja na última sexta-feira, Lopes diz ter sido levado às pressas para o pronto-socorro da cidade. O laudo médico teria constatado intoxicação. A bolacha recheada estava vencida desde 8 de julho. Na última semana, gerentes de duas lojas do Carrefour que funcionam no Grande ABC foram detidos pela mesma irregularidade.
Nesta terça-feira, o consumidor da cooperativa voltou à loja. Como a mercadoria vencida continuava na gôndola, ele comprou mais alguns pacotes e assim que efetuou o pagamento no caixa chamou a polícia. A reportagem estava dentro da loja e também constatou que embalagens com produtos vencidos estavam expostas nas prateleiras. Ao chegarem ao supermercado, os policiais militares não encontraram os biscoitos nas gôndolas.
A mercadoria comprada pelo taxista e os cupons fiscais de compra foram apreendidos pela polícia. A bolacha será encaminhada ao Instituto de Criminalística e ao Adolfo Lutz para passar por exames periciais. Um inquérito policial foi instaurado no 1º Distrito Policial da cidade. Ninguém foi detido e no decorrer das investigações o supermercado poderá funcionar normalmente. Além dos pacotes de bolacha recheada, o taxista também encontrou comida para cães com a validade vencida.
De acordo com o delegado que atendeu a ocorrência, Maurício Henrique Ferreira, o pedido de inquérito é por conta da divergência política existente entre os diretores da cooperativa e a direção do Sindicato dos Servidores de São Bernardo. Antes de encaminhar a denúncia à polícia, Lopes procurou a sede do sindicato para registrar a reclamação. Apesar de ser aberta ao público em geral, o intuito da cooperativa é facilitar o pagamento dos servidores. Os descontos são feitos direto na folha de pagamento.
Os representantes da cooperativa acusam Lopes de ter "plantado a prova para denegrir a direção". Os diretores da cooperativa estariam na oposição da atual direção do sindicato. "Nós estamos pleiteando novas eleições para o sindicato e, por isso, querem tentar denegrir nossa imagem diante dos associados", acusa o presidente da Cooperativa, Maurício de Oliveira.
Diante da suspeita, o delegado do 1º DP resolveu instaurar um inquérito e liberar as partes até que os laudos técnicos comprovem qualquer irregularidade. Foi também por conta da troca de acusações que o delegado não registrou a ocorrência como flagrante.
Denúncia – O taxista conta que se sentiu mal assim que ingeriu os biscoitos recheados na última sexta-feira. "Tive enjôo e diarréia." Segundo ele, no hospital, os médicos teriam constatado a intoxicação. O laudo que comprova o problema será entregue nesta quarta-feira ao paciente. "Só melhorei depois que fiquei em repouso e tomei soro."
Depois de receber alta, voltou duas vezes na cooperativa: uma nesta segunda-feira e a outra nesta terça-feira, quando chamou a polícia e denunciou a venda irregular ao Sindicato dos Servidores. Nas duas visitas, comprou a mercadoria vencida para ter a nota fiscal como comprovante. "Guardei os cupons com o da compra da sexta-feira e então procurei o sindicato e fiz a denúncia."
Mesmo após a reportagem afirmar ao presidente da cooperativa, Maurício de Oliveira, que constatou os produtos vencidos na prateleira, ele afirma não ter dúvidas de que se trata de uma armadilha. "Quem garante que ele não entrou com a mercadoria vencida por baixo da jaqueta. Por que ele procurou o sindicato e não a polícia direto para registrar um boletim de ocorrência? No mínimo, ele plantou a embalagem vencida na gôndola porque está armado com o pessoal do sindicato." Ele diz que o primeiro procedimento para tentar garantir a defesa do estabelecimento será comparar a numeração do lote da mercadoria apreendida pela polícia com o lote discriminado na nota fiscal de compra do produto junto ao fornecedor.
"Se houver diferença é porque plantaram a mercadoria vencida na gôndola." Ele ainda se defende dizendo que a reposição das embalagens da bolacha é feita por equipes da fabricante e não por funcionários do estabelecimento.
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