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O mundo é dela

A artista brasileira Nina Pandolfo fará em dezembro obra a céu aberto durante Art Basel, em Miami

Miriam Gimenes
23/10/2018 | 07:47
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Filipe Berndt/Divulgação


Os seus traços são delicados, mas o talento grita. É assim a obra da artista de rua Nina Pandolfo – uma das pioneiras no Brasil –, que se prepara para fazer, no início de dezembro, na efervescente Lincoln Road – via fechada para pedestres, onde estão diversas galerias de arte e opções culturais –, em Miami, uma pintura a céu aberto. A concepção da obra ocorrerá paralelo à Miami Beach Art Basel, uma das mais importantes feiras de arte do mundo, que será entre 6 a 9 de dezembro.

Nina, que começou a pintar ainda criança, confessa não ter em mente o que fará em seu mural exclusivo. “Ainda não criei o que pintarei, adoro chegar no local e receber suas influências e mesclar com meu universo. Este é o gostoso de criar em locais públicos, sempre temos novas influências e o que planejamos pode mudar.” A artista já difundiu seus desenhos em diversos lugares no mundo, entre Itália, Grécia, Japão, Alemanha, França, Espanha, Cuba, Suécia, Índia, Estados Unidos, Inglaterra, Escócia. Ela é conhecida por usar como Norte as crianças, sempre retratadas com olhos bem expressivos, e a natureza. Seguirá esta linha.

A sua trajetória internacional, ressalta, não é apenas por meio de murais, mas também de exposições em galerias e museus. “Comecei pintando telas, e em meu desejo de sempre buscar novas técnicas e suportes, iniciei também meu trabalho de graffiti. E em algumas vezes, quando estava em um país para fazer uma exposição e sabiam que também era grafiteira, acabava surgindo convites para murais. E o inverso também aconteceu”, lembra. Quando recebeu o convite da BRG International, empresa responsável pela venda de unidades em condomínios de alto padrão na Flórida, para expor e criar durante a edição da Art Basel, a artista estava em processo de criação para uma exposição em Londres.

Esse tipo de convite é muito bom para valorizar o grafitti, inclusive aqui no Brasil, onde, segundo ela, há quem ainda tenha preconceito com esta arte. “Alguns veem o graffiti como uma arte marginal, e outros não veem o graffiti como arte, infelizmente. Mas tem aumentado muito o número de pessoas que admiram esta arte, que trabalham e a incentivam. Não acho que a visão brasileira sobre esta arte seja muito diferente da visão internacional. Apesar de em alguns países esta arte ser totalmente criminalizada, ao mesmo tempo possui colecionadores de trabalhos de artistas grafiteiros. Parece um pouco contraditório, dois extremos.”

Ainda que as grafiteiras tenham ganhado espaço pelos muros do mundo, ainda há muito o que melhorar. “A mulher é vista como tendo um trabalho inferior ao homem. Veja que para ter um destaque, é preciso ter um evento especialmente desenvolvido para mulheres, pois quando é um evento misto, a quantidade de mulheres envolvida é bem inferior à dos homens. Mas isto não acontece apenas no graffiti, é geral, em várias profissões e em varias áreas.” Se depender do empenho dela e de outras artistas, esse espaço só tende a aumentar.  




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