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Demitidos da Bartira rejeitam proposta feita pela empresa

Se não houver nova oferta, ex-funcionários vão acampar em frente à sede do grupo, em São Caetano

Flavia Kurotori
Especial para o Diário
12/10/2018 | 07:07
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André Henriques/DGABC


Demitidos da Fábrica de Móveis Bartira, em São Caetano, se reuniram ontem, na sede do sindicato representante da categoria, para definir proposta de acordo que será apresentada à empresa na segunda-feira. Eles rejeitaram oferta da empresa, que propunha três meses adicionais de convênio médico e de cesta básica. Caso a moveleira não responda às reivindicações até sexta-feira, os ex-empregados vão acampar em frente à primeira loja da Casas Bahia, onde também funciona a sede da Via Varejo, grupo responsável pela fábrica.

Conforme publicado ontem pelo Diário, 300 dos 1.600 funcionários da empresa foram dispensados no começo da semana. Vale lembrar que produção da fábrica está totalmente paralisada desde o dia 1º, voltando à ativa em 5 de novembro, para ajuste e balanceamento de estoque.

O pleito dos trabalhadores, válido para todos os dispensados desde o dia 1º, prevê readmissão imediata dos que possuem problemas de saúde ou que estejam em tratamento médico; garantia do plano médico por um ano, sem pagamento da coparticipação, como é hoje; pagamento de indenização equivalente a dez salários nominais e 12 cestas básicas ou valor equivalente. Os operários também querem que o aviso prévio passe a valer a partir de 5 de novembro, uma vez que eles foram dispensados durante licença remunerada.

“Essa é a forma mais selvagem de demissão porque, primeiro, tranquilizaram, dizendo que eram férias, e depois demitem covardemente por telegrama”, afirmou Edson Bernardes, coordenador do Sintracom (Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário) de São Caetano. “Precisamos pressionar a empresa e mostrar para a população o que essa administração faz com seus trabalhadores.”

Na segunda-feira, o Sintracom também irá encaminhar ofício ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) solicitando mesa-redonda, mediada pelo órgão, com a Móveis Bartira. “Precisamos garantir que teremos espaço para negociar”, justificou Bernardes.

Segundo ex-funcionários, a moveleira já depositou a rescisão e a homologação seria feita na semana que vem, no departamento médico da Via Varejo. Entretanto, o sindicato orientou que ninguém assine o documento. “Assinar neste momento é como aceitar o que a empresa fez. Nós vamos negociar tudo”, garantiu o coordenador.

Nova reunião será realizada na sexta-feira, às 10h, na sede do sindicato.

CONTEXTO - A demissão em massa, que enxugou 19% do quadro de funcionários, eliminando um turno da operação (restando dois), veio em momento em que a Casas Bahia, varejista que comercializa junto com o Ponto Frio os móveis da Bartira, conta com grande campanha publicitária que promove a venda de móveis para o cliente montar uma ‘casa de novela’, inspirada nos personagens da novela Segundo Sol, da Rede Globo.

A campanha está em sinergia com o relato dos trabalhadores. “Não houve queda na produção e, pelo contrário, estávamos produzindo até mais”, contou um dos demitidos, que pediu sigilo. “Nós não vimos a demissão chegar, foi uma surpresa para todos.”

Dado que não houve queda na demanda, os operários acreditam que a moveleira foi vendida e que as dispensas seriam parte do modelo de negócio adotado pela nova gestão. Porém, a Via Varejo reafirmou que a informação não procede, e que não há possibilidade de mudança de cidade.

Outros trabalhadores alegaram que há boatos acerca da utilização de mão de obra terceirizada como forma de substituir os demitidos. No entanto, a holding negou a situação.

A Via Varejo também reiterou que a readequação do quadro de funcionários se deu “em virtude de processo de ajuste de estoques ao mix de lojas, eficiência operacional logística e de vendas, realizou uma readequação do quadro de colaboradores, eliminando um turno de atividades”.

Hermes Soncini, presidente do Sim ABC (Sindicato da Indústria de Móveis de São Bernardo e Região), avaliou que o setor moveleiro está sofrendo em todo País. “Tivemos os piores resultados em 2015 e agora estabilizamos, com leve alta, mas não adianta crescer 1% quando caiu 20%. Vamos demorar muitos anos para nos recuperar”, sentencia.
 




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