Vítimas de violência dentro dos coletivos ou nas paradas podem acionar a GCM por meio de aplicativo no celular
Moradores e transeuntes de Diadema já podem denunciar casos de abuso sexual, assaltos e demais ocorrências de violência dentro dos ônibus municipais ou em pontos de parada por meio de aplicativo de celular. O recurso, apresentado ontem pela Prefeitura, pretende ampliar as políticas de combate ao crime na cidade.
A nova ferramenta integra o já conhecido Cittamobi, aplicativo responsável por mostrar horários dos coletivos e possibilitar a recarga de bilhetes, que conta com 20 mil usuários. Para registrar uma ocorrência, basta estar cadastrado no sistema. A pessoa deve clicar na aba “emergências” do menu, escolher o tipo de denúncia – violência, abuso sexual, assalto à mão armada ou outros – e, após clicar, é necessário detalhar melhor o episódio vivenciado ou testemunhado, como local exato dos crimes, descrição das características físicas e vestimentas dos responsáveis.
A mensagem é encaminhada automaticamente à GCM (Guarda Civil Municipal), responsável por tomar as devidas providências. Os funcionários da corporação passaram por treinamento sobre o aplicativo na semana passada. “Ontem (terça-feira) refizemos o teste para que os profissionais de Segurança possam interagir. A GCM escolheu os guardas para que trabalhem em esquema de plantão”, destacou a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social Caroline Rocha.
Conforme a também primeira-dama da cidade, os veículos do transporte coletivo contam com biometria facial, o que facilitará na identificação dos criminosos. “Integramos as tecnologias para que a gente possa buscar as informações e atuar melhor”, observou Caroline.
O prefeito Lauro Michels (PV) complementou que a ideia do aplicativo já havia nascido há algum tempo, no entanto, só agora pôde ser desenvolvida e apresentada para a sociedade. A ideia, conforme o chefe do Executivo, é dar continuidade à política. “Não é só lançar o aplicativo ou o botão. Vamos fazer outros dois lançamentos neste semestre”, anunciou.
A secretária e primeira-dama complementou que duas novas funcionalidades da ferramenta estarão disponíveis em novembro e dezembro. Uma delas será recurso para ajudar na empregabilidade da população. A intenção é que, com o aplicativo, a divulgação de vagas existentes na região seja facilitada. Posteriormente, a ideia é disponibilizar recurso capaz de incluir pessoas com deficiência visual no aplicativo.
O lançamento da ferramenta foi feito no Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher. Coordenadora da Casa Beth Lobo, centro de referência às mulheres em situação de violência doméstica da cidade, reforça que, somente no ano passado, 229 vítimas foram atendidas na cidade.
Região tem um estupro a cada 26 horas
O Grande ABC contabilizou, entre janeiro e julho deste ano, 191 casos de estupro, média de um registro a cada 26 horas. Os dados, divulgados pela SSP (Secretaria da Segurança Pública), incluem também os crimes cometidos contra vulneráveis (menores de 14 anos, pessoas com deficiência e sem condições de se defender). Na comparação com o mesmo período de 2017, houve variação de apenas 2,55% na quantidade de ocorrências – foram 196 no primeiro semestre do ano passado.
De acordo com o estudo Estupro no Brasil: uma Radiografia Segundo os Dados da Saúde, produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2017, apenas 10% dos casos de estupro são registrados, sendo o crime com maior subnotificação no País. Para as especialistas, o problema pode ser explicado pelo frequente envolvimento de pessoas da família como autores das violências e pela falta de estrutura adequada ao atendimento das vítimas.
Especialistas em questões de gênero consultados pelo Diário destacaram a necessidade de implementação de medidas preventivas em relação ao crime no dia a dia.
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