Despejo de dejetos sem saneamento faz com que algas cresçam na superfície do reservatório
O aumento da quantidade de algas na superfície da Represa Billings, fenômeno que tem sido intensificado nas últimas semanas nas áreas de divisa entre o Grande ABC e a Capital, amplia a preocupação de especialistas para o problema da poluição e degradação da considerada caixa-d’água da Região Metropolitana do Estado.
A ‘nata’ de cor esverdeada sobre a represa se deve a situação conhecida como eutrofização. Trata-se do surgimento de cianobactérias a partir do excesso de esgoto descartado pelos imóveis irregulares somado à insolação tropical.
Na visão da bióloga especialista em recursos hídricos e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes, o cenário exige mais atenção por parte do poder público para a diminuição do descarte de dejetos na represa. Isso porque, na sua avaliação, a tendência é a de que o cenário piore à medida em que o período mais quente do ano se aproxime. “A gente tem que fazer com que a legislação a repeito da classificação dos rios mude.” A profissional defende a criação de metas efetivas de melhoria da qualidade da água dos rios, córregos e mananciais das bacias brasileiras.
A poluição da Billings, inclusive, traz consequências à saúde da comunidade que vive às suas margens. Estudo que vem sendo elaborado desde 2015 indica que metade da população que vive no entorno do manancial sofre com doenças gastrointestinais e 40% têm problemas de pele. “Gastroenterites, dermatites e parasitoses intestinais acabam levando pessoas ao sistema público de Saúde”, ressalta Marta, coordenadora do projeto. “Tem muita gente que depende do reservatório, não só para abastecimento, mas também para a vida, como é o caso dos pescadores”, complementa.
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) informou que faz a captação de água no braço do sistema Rio Grande, que é separado do corpo central da Billings por uma barragem – responsável pelo abastecimento de 1,6 milhão de moradores da região. "Os parâmetros atuais do indicador geral de qualidade do manancial apresentam classificação ótima no ponto de captação. A água captada segue para tratamento antes de ser distribuída à população, atendendo aos rigorosos padrões de qualidade e potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde”, destacou a companhia em nota.
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