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Santo André define matriz curricular

Concepção sócio-histórico-cultural irá basear práticas pedagógicas do município

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
09/10/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 A Secretaria de Educação de Santo André apresentou ontem, em evento realizado no Clube Atlético Aramaçan, a matriz curricular da rede municipal. Cerca de 2.000 professores participaram da atividade em dois turnos. Segundo o prefeito Paulo Serra (PSDB), o documento, que está em fase final de consolidação, vem sendo discutido e trabalhado com a equipe gestora e com os docentes desde o início do ano passado. Na região, apenas São Caetano conta com currículo unificado. Ribeirão Pires trabalha, desde o início do ano, na implementação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

O chefe do Executivo andreense destacou que o objetivo é alinhar o direcionamento que os currículos dos estudantes terão a partir de agora. “Precisamos de uma matriz curricular que ofereça ensino de qualidade”, afirmou. Santo André conquistou, em 2017, a nota 6,4 no Ideb (Índice Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica). A meta era 6,3. A Escola Municipal Ayrton Senna da Silva, no Jardim Cecília Maria, ficou entre as três instituições do Estado de São Paulo que apresentaram as maiores evoluções na avaliação entre 2007 e 2017 no primeiro ciclo do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). A unidade saltou da nota 1,5 para 6,1 no período – a meta para o ano passado era 4,9. O município conta com 40 mil alunos, entre Educação Infantil, Ensino Fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos).

A secretária adjunta de Educação de Santo André, Zane Machi, explicou que, após ser finalizado e aprovado pelo Conselho Municipal de Educação e pela Câmara Municipal, o documento será referência para as práticas educacionais na cidade. Segundo a gestora, a elaboração das propostas contou com a participação de toda rede, que indicou representantes de cada escola para participar dos grupos de trabalho. “Os docentes decidiram que modelo de educação mais se adequa às necessidades da rede, porque, até então, cada unidade trabalhava sob uma perspectiva”, detalhou. A concepção adotada, relatou Zane, é a sócio-histórica-cultural, que em linhas gerais pensa a educação do aluno levando em conta sua história, as características do lugar onde vive, entre outros fatores. “Quando você usa modelos que são familiares ao aluno, a partir de conhecimentos já adquiridos, a aprendizagem acontece de maneira mais fluída”, completou.

“É a primeira vez que construímos uma proposta curricular que tem uma concepção única. Vamos ter um documento institucionalizado que vai favorecer as práticas pedagógicas do professor e vai entrar em sincronia, tanto com a BNCC, que norteou nosso projeto, quanto da nossa concepção de Educação”, concluiu. O documento, que entra totalmente em vigor ano que vem, será atualizado sempre que necessário, afirmou a adjunta. O objetivo é que a matriz permaneça mesmo em outras gestões.

 

Professores questionam modelo do projeto

Grupo de cerca de 200 professores da rede municipal de Santo André questiona o modelo utilizado no projeto de matriz curricular unificada, apresentado ontem pela Secretaria de Educação. Segundo um dos docentes, que não quis se identificar, o processo não foi democrático o bastante. “Os critérios de escolha de quem compôs os grupos de trabalho representando as escolas foram bastante questionados”, afirmou.

Segundo o servidor, a escolha da concepção sócio-histórica-cultural, adotado como base pedagógica para todas as práticas, não foi consenso entre os integrantes dos grupos de trabalho, mas já tem baseado a compra de material didático. Os livros, afirmou o funcionário , não atendem às especificações da Lei 10.639, que prevê a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira.

“Sentimos falta também da contratação de um profissional especializado em currículos, que não fosse da rede e pudesse conduzir com isenção o trabalho de reunião e finalização das propostas pedagógicas”, afirmou. De acordo com o representante do grupo de professores, a expectativa é a de que, quando o documento chegar para o aval do Conselho Municipal de Educação, seja possível sugerir mudanças em seu conteúdo.

O prefeito Paulo Serra (PSDB) admitiu que houve divergências no processo, mas minimizou as discordâncias. “Estamos tentando dar voz à maioria, que aprovou tanto o currículo quanto o material formado. Não dá para agradar todo mundo o tempo todo, infelizmente, a minoria vai ter que aceitar”, pontuou.

A secretária adjunta de Educação, Zani Machi, também rebateu as queixas. “Todo o trabalho foi elaborado pelo grupo de professores, mas sob a mediação constante de uma equipe técnica preparada, mestres e doutores, muitos deles especializados na elaboração de currículos”, garantiu. “Contamos também com palestras, discussões técnicas que pudessem validar esse projeto como verdadeiro e democrático”, concluiu.




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