Morreu na madrugada de ontem Ketelly Pereira do Nascimento, 2 anos, que estava internada em estado grave no Hospital Mário Covas, em Santo André. A menina não resistiu aos ferimentos. Ela foi enterrada na tarde de ontem no Cemitério Santa Lídia, em Mauá. É a sexta vítima fatal do acidente envolvendo uma kombi vermelha sábado, na Vila Magini. Outras cinco pessoas permanecem hospitalizadas. Apenas duas crianças receberam alta médica.

Por volta das 17h30, o veículo, guiado por José da Rocha Pereira, 45, desceu a Rua Washington Luiz em alta velocidade, perdeu o controle e acabou se chocando contra um poste e um muro. O impacto arrancou o teto da kombi, que estava em estado regular e possuía apenas os bancos traseiros na parte dos passageiros.

No cortejo de Ketelly, neta de Pereira, parentes ainda tentavam se conformar com a perda de parte da família. "Não caiu a ficha", disse a consultora Fabiana dos Santos, 19, prima do motorista. Abalado, o pai da menina não conseguia parar de chorar. Sua mulher, Fausta dos Santos Pereira, 24, segue internada, assim como a outra filha do casal, Kelly, 4.

O caso de Fausta é o mais grave. Ela está no Hospital Nardini, na cidade, e espera transferência para o Mário Covas. Segundo a família, precisa de cirurgia na região da bacia e corre o risco de perder o movimento das pernas. Procurado pelo Diário, o Nardini não informou o motivo pelo qual ainda não foi realizada a transferência.

Desesperados, familiares cobram providências. "Precisamos de resposta. Desde o sábado estamos esperando que façam essa transferência e até agora não tivemos notícia. O futuro dela está em jogo", disse o montador Edson Pereira dos Santos, 30, primo dos acidentados.

Dada como morta no dia do acidente, Luana Barbosa do Nascimento, 21, namorada do filho do motorista, José Nílton dos Santos Pereira, 22, que também morreu, está no Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas, na Capital, e precisou amputar uma das pernas. Seu filho, Abraão, 3, é um dos que receberam alta, após engessar o joelho quebrado.

A filha caçula do motorista, Gislaine, 9, sofreu cirurgia nas pernas no Mário Covas e deve receber alta nos próximos dias.

Sobrevivente não consegue dormir à noite

Geovanna, 10 anos, brinca durante o dia como uma criança normal. À noite, as memórias do acidente que matou seis parentes seus vem à tona. A menina estava na kombi vermelha e, como um milagre, foi a primeira a receber alta, apenas com cortes no pé e rosto.

"Minha filha nasceu de novo", disse a mãe, a diarista Jessy Pereira dos Santos, 38. É o único motivo pelo qual ela sorri nos últimos dias. Duas irmãs suas morreram: Maria Pereira dos Santos, 42, mulher do motorista, e Rosália Pereira dos Santos, 33. Na modesta casa no Jardim Éden, o futuro é incerto.

A situação é oposta à vivida pela família antes do acidente. Os 13 familiares saíram do Jardim Zaíra para um churrasco na casa de Jessy. Era uma comemoração pelo retorno do pai delas, Raimundo Pereira dos Santos, 64, da Bahia, onde foi acompanhar o enterro da mãe. "Ele está arrasado, sem comer e falar", disse Jessy.

José Pereira tinha comprado a kombi há um mês para transportar seu time de futebol da várzea. Claro, dava carona a todos da família. "Éramos muito unidos. Nunca vi a gente brigar, só dar risada. Onde um ia, todos estavam lá", completou Jessy. (Rafael Ribeiro)