Diarinho Titulo Hipismo
Amizade entre crianças e cavalos só traz benefícios

Paixão por cavalos faz com que crianças busquem aulas que ensinam técnicas especiais e respeito

Tauana Marin
Diário do Grande ABC
30/09/2018 | 07:00
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Fotos: Nario Barbosa


Mesmo não sendo modalidade muito popular no Brasil, o hipismo (esporte realizado sobre o cavalo) gera paixão de pequenos cavaleiros e amazonas. O que começa por diversão e admiração pelo animal se transforma em assunto sério para os praticantes, que, com o tempo, podem ser inseridos em competições do gênero.

Um reduto local para treinar são as instalações do Cesb (Centro Equestre de São Bernardo), no bairro Batistini. O espaço recebe pessoas de todas as idades, que desembolsam valor um tanto quanto alto para realizar as aulas.

Leonardo Garcia Nunes de Souza, 8 anos, pratica o esporte há cinco e teve que vencer certo medo inicial para subir no animal e se equilibrar. “Você não consegue galopar logo no começo. Hoje, com os treinos, realizo saltos e ando normalmente.” O menino conta que pratica outros esportes, como natação e judô, e se encantou com a modalidade. “Além de gostar de cavalgar, aprendi muitas coisas, como a respeitar o animal. Ele é igual a gente: às vezes não está bem e precisamos tentar com cuidado.”

Entre os ensinamentos de detalhes, o morador de São Caetano aprendeu que o calcanhar deve ficar sempre baixo, no caso de perder a rédea (item de montaria usado para direcionar o cavalo). Segundo ele, isso ajuda a prevenir machucados caso haja uma queda.

Quem também participa das atividades é Julie-Anne Emy Josepha Miralves, 11 anos. Nascida na França, ela se mudou para São Paulo aos 2 anos e sempre foi apaixonada por cavalos. “Eles são muito especiais e fazem coisas incríveis. Gosto de observar o comportamento deles”, comenta. “Além disso, gosto de desafios e é legal pegar um cavalo mais difícil e teimoso, e, depois de um tempo, ele ser seu companheiro.” A jovem pratica os saltos e também treina adestramento, ambas modalidades que fazem parte dos Jogos Olímpicos. “Meus irmãos e minha mãe fizeram equitação. Dei continuidade familiar porque adoro a conexão com os cavalos. Me faz muito bem.”

A empolgação sobre esse universo tem agitado o cotidiano de Lucas Picolin de Arruda, 8, com quatro treinos semanais no centro equestre. “Ganhei muito equilíbrio e concentração depois que comecei. Andar a cavalo, além do esporte, é muito divertido. Adoro estar na natureza.” Em viagens junto com a família, a preferência é por destinos que disponibilizem montaria. “Desejo andar de cavalo a vida toda,”, afirma o garoto.

Pessoas têm conexão com o animal

O hipismo (ou equitação) é uma prática muito antiga. A atividade se desenvolveu mais fortemente no século 20, com a criação das primeiras pistas com obstáculos exclusivamente para os saltos. No entanto, a parceria entre o cavalo e o ser humano deu os primeiros passos no início da civilização, quando o animal começou a ser utilizado como meio de locomoção.

Com o passar do tempo, as crianças que praticam hipismo e treinam sempre com mesmo companheiro (cavalo ou égua) conseguem estabelecer relação de respeito com o bicho, que aprende a obedecer os comandos. Mesmo assim, não é possível prever as reações deste ou qualquer outra espécie da natureza. Por esse motivo, além da roupa característica na modalidade, caso de calça branca (chamada culote), camisa polo e botas, é necessário ter equipamentos de segurança, como colete e capacete. Esses acessórios evitam que a pessoa se machuque em caso de quedas.

Para quem deseja cavalgar e participar das aulas, o aconselhável é que tenha idade mínima de 6 anos, podendo acontecer um pouco antes (o que varia diante do porte físico do indivíduo e avaliação de um profissional).

Ação é usada para prática terapêutica

Além da prática esportiva e de lazer, montar em cavalos faz parte da rotina de muitas crianças e adultos que possuem algum tipo de deficiência, seja ela física ou intelectual, com distúrbios psíquicos e problemas de relacionamento pessoal, a exemplo de fobias (medos específicos de certas coisas), depressão, ansiedade, dificuldade de aprendizagem, deficit de atenção e hiperatividade.

O método terapêutico serve para ajudar no equilíbrio do corpo, sustentação de tronco e cabeça, melhora do tônus muscular e aumento da força, este último auxiliando bastante aqueles que não andam.

A socialização com o animal (também chamada de equoterapia, equiterapia ou hipoterapia) auxilia o paciente a ficar mais calmo por promover sensação de bem-estar, além de melhorar a coordenação motora ao passar as mãos ou ao alimentar o cavalo. Instrutores ficam o tempo todo guiando o bicho e dão suporte ao participante, dependendo da dificuldade de cada uma.

Consultoria de Clóvis Spinelli Junior, instrutor de quitação do Cesb (Centro Equestre de São Bernardo).  




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