Acusar, bater e recuar. É isso que os vereadores de oposição em Mauá vêm fazendo desde que garantiram maioria numérica na Casa após o prefeito Leonel Damo (PV) tomar posse, em dezembro do ano passado. Nesta semana, dois casos deixaram clara a postura contraditória da bancada ligada ao presidente do Legislativo, Diniz Lopes (PL): uma Comissão Especial para apurar possíveis irregularidades na administração que não saiu do papel, e a ameaça de pedir cassação da vereadora Vanessa Damo (PV) por falta de decoro parlamentar que ficou só no aviso após um pedido de desculpas.
A primeira faísca lançada pelo bloco dos nove oposicionistas – são oito na bancada de sustentação do prefeito – surgiu na sessão de 21 de fevereiro, com a aprovação do requerimento nº 104. O documento solicita a formação de uma Comissão Especial para apurar supostas irregularidades nas finanças da Prefeitura e da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá). A reclamação dos parlamentares era que nenhum dos dois órgãos administrativos encaminhara o movimento de caixa do dia anterior, como rege o artigo 113 da Lei Orgânica do Município, desde 1º de janeiro deste ano.
Na última terça-feira, o clima anterior ao início da sessão já dava como certa a formação da Comissão, tendo em vista que ainda não haviam sido enviados os balanços financeiros. "Cobramos o envio do boleto diário para a Casa porque, senão, não tem como conferir o que está sendo pago", reclamou Alberto Betão (PSB). Às 15h23, chegaram ao Legislativo os tais documentos, alterando totalmente os discursos dos vereadores. "Como eles enviaram boa parte do material, vamos adiar a formação da Comissão por duas sessões", decretou Betão. Para uma ação que parecia querer investigar profundamente o destino dos recursos da administração, a impressão deixada é que o simples fato de ter em mãos os documentos foi o suficiente.
Mais faísca – Na mesma sessão, provocou indignação a declaração da filha do prefeito, Vanessa Damo (PV), de que um vereador da Casa teria agredido fisicamente sua esposa. No rebuliço formado, Silvar Silveira (PMDB) sugeriu ao presidente da Câmara abertura de processo administrativo contra Vanessa. Paulo Eugênio (PT) leu o artigo da Lei Orgânica que trata da perda do mandato do parlamentar por falta de decoro. Boa parte dos oposicionistas utilizou o microfone para rechaçar a denúncia da vereadora. Após uma reunião a portas fechadas, o veredicto: um pedido de desculpas resolveria a questão.
"Foi um momento de paixão, ela é bastante emotiva", justificou Silveira. Cumprido o acordo, Vanessa desculpou-se, todos acataram e a sessão continuou como se nada tivesse acontecido. Estranha atitude para quem, em uma semana, teve duas oportunidades para fazer valer a postura da oposição que, por enquanto, só ameaça.
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