Um concerto único de nove sinos dispostos na região da Praça do Carmo, no Centro de Santo André, abre às 16h de sábado a performance Pausa, da artista plástica paulistana Flávia Yue. Professora de desenho da Casa do Olhar Luiz Sacilotto (Rua Campos Salles, 414. Tel.: 4992-7730), Flávia, 31 anos, contará com a colaboração de músicos para concretizar o conceito de ‘peça cega', que relaciona som e imagem. Seis dos nove sinos - o maior de 110 kg - ficarão na Casa, os outros três, na praça, em frente a outro equipamento cultural, a Casa da Palavra. Depois do concerto, as peças ficarão expostas até 10 de janeiro.
"As pessoas terão muito para ouvir e pouco para olhar. Ao andar por ali, as pessoas terão pontos cegos. Não saberão dizer exatamente de onde vêm os sons. A localização me interessa muito por conta da minha relação com a Casa", diz a artista, que também já lecionou anteriormente na Emia (Escola Municipal de Iniciação Artística) Aron Feldman.
A mestranda da ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo) diz que, com Pausa, radicalizou o conceito que vem desenvolvendo ao longo dos últimos anos. "No ano passado fiz uma exposição em que o cenário era uma espécie de cabaré alemão, fiz as trilhas e as imagens."
No sábado, a Orquestra Bachiana Jovem executa na Casa, sob batuta de Gláucio Zangheri, uma peça inédita, de 30 minutos, escrita pelo próprio regente, seguindo roteiro sonoro da artista. Nos intervalos da música, em outra sala da Casa, o músico Alexandre Urbaneri será responsável por fazer soar um carrilhão de cinco sinos. O escultor Sidney Amaral colabora com uma obra que ‘lacrará' o músico - o público só poderá vê-lo através de olhos mágicos pela obra.
Enquanto a Bachiana Jovem e Urbaneri ficam na Casa, Rodrigo Scarcello,compositor de trilhas sonoras de cinema, usa uma mesa de som na praça do Carmo para produzir seus sons. Os outros sinos serão manipulados pelo artista Arnaldo Nardo. "Eles criarão uma narrativa sonora para quem anda por ali", explica Flávia.
A escolha dos sinos como marco sonoro, afirma a artista plástica, foi por conta do que eles evocam. "Quero levar as pessoas a um estado comum. O soar dos sinos leva a um imaginário muito importante. Marca fim de guerra, dobra quando alguém morre. Têm muita história envolvida", explica.
Os objetos são da Fundição Artística Paulista, que pertence à mesma família, os Angeli, desde a fundação, em 1898, uma das únicas a produzir exclusivamente artefatos do tipo no País. Quatro funcionários da empresa vão ajudar a operar os sinos.
Além de Pausa e da obra de Sidney Amaral, abrem no sábado outras duas exposições importantes na Casa do Olhar. Dentro do tema Outras Concreções, na sala Sacilotto, o convidado da vez é Bartolomeo Gelpi, que traz Pintura Infiltrada em Planos Baixos. De Paulo Camillo Penna vem a colagem Passos. As mostras também ficam no espaço até 10 de janeiro. A visitação é de terça a sexta, das 10h às 21h. Aos sábados, das 10h às 17h.
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