Setecidades Titulo Imprudência
Multas por uso de celular crescem 15%

Nos últimos dois anos, registros passaram de 26.845 para 30.906, o correspondente a três casos por hora

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
11/09/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 O número de multas por uso de celular no trânsito entre as sete cidades cresceu 15% nos últimos dois anos. Entre 2016 e 2017, o total de infrações do tipo aplicadas passou de 26.845 para 30.906, o correspondente a 84 por dia ou três a cada hora. Somente no primeiro semestre, foram 14.641 autuações.

Os dados, fornecidos pelo Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) e pelas prefeituras, são relativos às multas contabilizadas no perímetro urbano a partir do trabalho da Polícia Militar e de agentes de trânsito.

O aumento, conforme especialistas, é reflexo da importância do telefone móvel na sociedade, além de evidenciar a ineficácia das mudanças realizadas no CTB (Código de Trânsito Brasileiro), em novembro de 2016, quando passou a ser gravíssima a multa para o motorista que manuseia o celular enquanto dirige (veja arte ao lado).

“Mesmo com a punição mais severa, o que nota-se é que o uso do celular virou uma doença. Os motoristas não conseguem mais se desconectar do aparelho mesmo que este ato coloque em risco a sua vida”, observa Horácio Figueira, especialista em engenharia de tráfego e transporte.

Segundo Figueira, a situação é ainda mais alarmante do que a apresentada pelos números. Devido à fiscalização falha, ele considera que o número de multas por uso do celular ao volante é ainda maior, tendo em vista a existência de 1,5 milhão de condutores habilitados entre as sete cidades. “Essa média de infrações pode ser verificada facilmente num único cruzamento. Apenas 1% dos motoristas (que fazem uso do aparelho enquanto dirigem) são multados”, enfatiza Horácio.

A impunidade, conforme os especialistas, é o principal motivador para que motoristas sigam cometendo as infrações no trânsito. O problema, entretanto, são as consequências do uso do telefone móvel no volante. Estudo feito pelo Departamento de Segurança Viária nas Rodovias dos Estados Unidos indica que o uso de dispositivos móveis aumenta em até três vezes o risco de se envolver em acidente.

“Ao utilizar o celular por três segundos, o motorista perde suas capacidades de percepção e reação, o que pode implicar em acidentes como batidas leves”, alerta o professor de Engenharia da FEI (Fundação Educacional Inaciana) Creso Peixoto.

O especialista usa como exemplo o tempo de reação durante uma freada do veículo. Numa via urbana, o motorista tem 0,75 segundo para reagir a uma situação como essa. No entanto, ao usar o celular, o condutor fica, em média, quatro segundos sem olhar para a via. “Olhar para o celular faz com que o motorista não consiga frear em tempo”, complementa Peixoto.

Para o diretor-presidente do Detran-SP, Maxwell Vieira, atos de imprudência têm sido as principais causas de acidentes no trânsito. Por ano, 37 mil pessoas perdem a vida em todo o País. “Usar o celular ao volante é um risco tanto para o condutor quanto para as outras pessoas.”

Para reverter este quadro, o Detran-SP afirma promover ações de conscientização sobre temas diversos, incluindo os perigos relacionados ao uso do celular ao volante. “O órgão possui convênios com os municípios para ações de educação para o trânsito e melhorias na infraestrutura das cidades Atualmente, quatro municípios da região (Santo André, São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires) possuem convênio com o Movimento Paulista de Segurança no Trânsito.




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