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Aprendizado na rede pública avança, mas ainda não é ideal

Dados divulgados pelo MEC mostram que desempenho dos alunos do Ensino Fundamental melhorou de forma tímida

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
31/08/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 O aprendizado em Português e Matemática dos alunos do 5º e do 9º ano do Ensino Fundamental da rede pública do Grande ABC avançou em relação aos resultados de 2015. Isso é o que apontam as notas do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), divulgadas ontem pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação). Conforme especialistas, embora o desempenho dos estudantes das redes municipais e estadual das sete cidades estejam dentro da média considerada aceitável, ainda é preciso avançar.

Segundo os indicadores, no 5º ano do Fundamental as pontuações consideradas adequadas são 200 para Português e 225 para Matemática. Embora todas as cidades tenham superado a nota esperada nesta etapa do conhecimento, o cenário não se repete no 9º ano (veja tabela ao lado). Nesta fase de aprendizado, são considerados aceitáveis 275 pontos para Português e 300 para Matemática.

Para o professor da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) Ocimar Alavarse os dados mostram o crescimento médio da região – em alguns casos superior à média nacional – mas a análise separada dos níveis evidencia estudantes em níveis insatisfatórios. “Os alunos com melhores resultados puxam a média para cima, mas observar apenas a média não deixa que a gente veja os problemas com muitos estudantes que estão (em níveis) que não deveriam estar”, pontuou.

“Uma das muitas respostas possíveis para esse problema é a necessidade de acompanhamento constante do estudante ao longo do processo educacional, focando nas séries iniciais”, opinou.

O professor dos cursos de Pós-Graduação e coordenador do Observatório de Educação do Grande ABC da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Paulo Garcia, considera, entretanto, que o avanço deve ser celebrado. “A gente vinha acompanhando ganhos de resultados no primeiro ciclo do Fundamental (5º ano), mas agora observamos aumento também no Fundamental 2 (9º ano)”, explicou.

O especialista ressaltou, no entanto, que não é possível, a partir dos números, compreender os motivos que levaram ao cenário atual. “Temos um grande funil em termos de fracasso escolar, ou seja, grande número de estudantes que ingressam no Fundamental 1 e isso vai reduzindo, seja por repetência, seja por abandono. O avanço nos resultados do Fundamental 2 pode dar alguma esperança de alunos que vão chegar ao Ensino Médio melhor preparados. Temos de acompanhar os próximos resultados”, concluiu.

Para a Secretaria de Estado da Educação os resultados do Saeb 2017 evidenciam a necessidade de melhora tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, e destaca investimentos que têm sido feitos na valorização dos profissionais da área. São Bernardo informou que recebeu os dados com satisfação; Santo André e Ribeirão vão analisar os dados antes de comentar. As outras cidades não responderam até o fechamento desta edição.

 NACIONAL

No 5º ano do Ensino Fundamental em todo o País, o Saeb revelou avanços. Nas duas áreas do conhecimento, os estudantes brasileiros apresentam nível básico de proficiência média. No 9º ano do Fundamental, entretanto, os avanços foram menores. Ao final desta etapa, os estudantes brasileiros apresentaram nível de proficiência média considerado insuficiente pelo MEC.

O Saeb mede a aprendizagem dos alunos do 5º ano e do 9º ano do Fundamental e do 3º do Médio desde 1995. Cerca de 5,46 milhões de alunos participaram desta edição, que contou ainda com a rede privada.

 

Brasil não melhora no Ensino Médio

 Em 20 anos, alunos de escolas públicas e privadas de Ensino Médio do País não melhoraram sua aprendizagem em Português e Matemática. A nota dos estudantes em 2017 no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) é mais baixa do que a registrada em 1997. A rede particular caiu menos, mas também piorou ao longo dessas duas décadas.

Os resultados mostram que sete em cada dez estudantes do ensino médio tiveram desempenho insuficiente nas duas disciplinas. Isso significa que os jovens, na maioria entre 14 e 17 anos, não conseguem identificar informações explícitas em uma receita culinária ou calcular um porcentual.

Autora da Matriz de Referência do Saeb na década de 1990 e presidente do Inep, Maria Inês Fini, defendeu a busca por soluções inovadoras nesta etapa do conhecimento.

Já o professor da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) Ocimar Alavarse defende que o investimento precisa ser feito no Ensino Fundamental.

O MEC (Mínistério da Educação) não divulgou os dados do Ensino Médio por município.




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