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Zelotes aponta acerto de propina para livrar Paranapanema no Carf

Investigação a partir de quebra de sigilo telefônico indica diálogo suspeito entre conselheiros para anular multa de R$ 650 mi

Por Raphael Rocha
14/08/2018 | 06:40
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Investigações da força-tarefa da Operação Zelotes indicam que foi acertado via celular pagamento de propina a conselheiros do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) pouco tempo antes de o grupo analisar e anular multa de R$ 650 milhões que havia sido aplicada ao grupo Paranapanema, que tem filial no bairro de Utinga, em Santo André.

Mensagens de texto, obtidas pelos investigadores a partir da quebra do sigilo telefônico dos investigados, mostram que conselheiros conversaram sobre esse julgamento, o que reforça a tese do MPF (Ministério Público Federal) e da PF (Polícia Federal) de irregularidades no processo. Segundo o MPF, R$ 8 milhões em propina teriam sido pagos para livrar a Paranapanema de punições.

O jornal O Globo trouxe relatos suspeitos entre o ex-conselheiro Luciano Lopes e Meigan Sack Rodrigues, investigada por supostamente executar o pagamento do dinheiro ilícito aos servidores. Os dois acertam uma reunião para falar sobre o tema e também dialogam a respeito do pagamento de propina para outros integrantes do tribunal.

A Folha de S.Paulo apresentou outra linha de investigação, desta vez relacionando Vladimir Spíndola, também suspeito de distribuir recursos financeiros aos conselheiros do Carf. Spíndola teria se reunido com Roberto Giannetti, economista ligado a campanhas do PSDB, em abril de 2013. No encontro também estava Daniel Gudiño, relator dos processos da Paranapanema no Carf. Outra reunião teria acontecido em setembro do mesmo ano, no Rio de Janeiro.

Em julho de 2014, o Carf absolveu a Paranapanema de pagamento da multa milionária.

Conforme investigação da Operação Zelotes, após o julgamento que inocentou a Paranapanema, conselheiros do Carf trocaram mensagens. “Temos que comemorar! Obrigado, Judith, você foi fundamental para a vitória”, escreveu Spíndola, para Judith Armando. “Não imagina a felicidade desse momento: minha primeira grande vitória! Obrigada por ter me chamado para participar dessa empreitada. Vamos juntos a mais outros sucessos”, respondeu Judith, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.

A atual direção da Paranapanema tem ressaltado que todas as investigações recaem na gestão de Luiz Antônio de Souza Queiroz Ferraz Junior, presidente do grupo até o fim de 2012, e que adotou apuração interna para colaborar com as autoridades. “A companhia reitera ainda que repudia quaisquer atos de ilegalidade e conta com rigorosas políticas de controle e conformidade que têm sido permanentemente aprimoradas desde o ingresso da nova administração, em 2016.” 




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