A CPI mista encarregada de apurar o total de recursos públicos destinados ao esporte no País - aí incluindo o que foi repassado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) às modalidades que competiram na Olimpíada de Pequim - sofreu seu primeiro revés no dia em que seria lido o requerimento de sua criação na sessão do Congresso.
A proposta, de iniciativa do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), foi retirada da pauta de votação ontem porque alguns parlamentares que apoiavam a iniciativa recuaram e resolveram retirar a assinatura da lista de adesão. Sem assinaturas suficientes, o requerimento não foi lido.
No Senado, quatro senadores mudaram de idéia, entre eles o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), que atribuiu a decisão ao pedido feito pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e ao senador Francisco Dornelles (PP-RJ).
"Eles disseram que a investigação poderia atrapalhar a realização de uma Olimpíada e da Copa do Mundo aqui no Brasil", informou Raupp. Procurado, Dornelles não quis se manifestar.
Encarregado de coletar as assinaturas no Senado, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse ter ouvido a mesma justificativa do governador do Rio. "Ele ligou com esse argumento, mas eu mostrei que quanto mais limpa for a aplicação de dinheiro, mais condições terá o País de sediar o que quer que seja", afirmou. Dias obteve, antes das retiradas, 33 assinaturas de colegas, seis além das 27 necessárias. Na Câmara, Miro conseguiu o apoio de 189 deputados, 18 além dos 171 cujo apoio é exigido na criação de CPI.
Não é nova a tática de esvaziar os requerimentos de CPIs destinadas a investigar supostos desvios nos recursos movimentados pela área de esporte no País. No ano passado, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, empreendeu uma verdadeira romaria à Câmara e ao Senado para convencer os parlamentares a não apoiarem a comissão que iria investigar denúncias de irregularidades no Corinthians e em outros clubes brasileiros.
Plagiando o escritor Millôr Fernandes, Miro Teixeira disse que "estão fazendo tempestade num copo sem água", ao boicotar seu projeto. Ele explicou que, ao propor a CPI, sua intenção não era fazer uma investigação, mas analisar critérios para distribuição do dinheiro aplicado em esporte.
"Uma investigação não depende só de CPI, pode ser feita pela Polícia Federal, Ministério Público, Controladoria-Geral da União", explicou. Ele disse que levou esta explicação ao governador Sérgio Cabral. "Falei que não existe uma denúncia formal, seria uma análise para preparo de um projeto."
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